Gabriely Santos Souza, mais conhecida como K7, sempre gostou de escrever. Estudante do Centro de Ensino Médio Elefante Branco, localizado em Brasília, ela viu novos caminhos para sua escrita quando foi selecionada para participar do grupo teatral de sua escola. Ali, foi desafiada a montar peças focadas em difundir conhecimento e consciência social. Mas dá para falar de Ciência em cima de um palco?
“O que me levou a ingressar no universo científico foi perceber o quanto as áreas da arte, da cultura e da ciência conversam. Eu entrei na companhia no final de 2021, que foi quando eu tive acesso à escrita dramatúrgica. Eu escrevo desde muito nova, só que eu não tinha contato com o teatro em forma de escrita e, junto com o [professor] Marcelo, eu fui aprendendo e desenvolvendo essa paixão”, conta a jovem.
Marcelo Lucas de Araújo Brito é o coordenador da Cia de Teatro Elefante Branco e deu à Gabriely a difícil tarefa de escrever, conjuntamente, duas peças: “No mundo da Lua” e “Ato de Resistência”. “Eu percebi com essas duas peças que a arte é um meio muito amplo para se propagar Ciência”, conta K7, afirmando que o processo de pesquisa em artigos e periódicos foi essencial para a construção da dramaturgia.
O primeiro espetáculo, “No mundo da Lua”, tem como tema principal a biodiversidade e a inovação. A peça nasceu de estudos sobre o impacto da inovação tecnológica e a transversalidade da ciência para o planeta e, por meio de brincadeiras, convida jovens e adolescentes a refletirem sobre a importância das tecnologias da comunicação e informação para o mundo.
A história traz alguns temas sérios e atuais, como a importância da medicina, com destaque ao trabalho incansável de médicos e profissionais da saúde durante a pandemia da covid-19, além do papel da física e da química neste período, como áreas indispensáveis para o estudo e produção de componentes tecnológicos aplicados ao exercício médico, como o oxigênio hospitalar e os ventiladores mecânicos.
Já a segunda peça, “Ato de resistência”, nasceu do engajamento dos estudantes com as atividades artísticas da escola, numa reflexão contra o racismo, que deve ser combatido todos os dias em nossa sociedade. “A minha forma de escrita nunca sai de um quesito social, e eu acho importante que não saia, que a gente não desassocie a parte social da parte científica”, complementa K7.
Uma das ganhadoras do 4º Prêmio Carolina Bori, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na categoria Ensino Médio, Gabriely ainda está processando a conquista, já que foi inscrita de surpresa por seu professor.
“Eu só fiquei sabendo [do prêmio] no dia que chegou o e-mail falando que eu tinha sido uma vencedora, e estou aqui, numa mistura de sentimentos. Que coisa boa! Que coisa incrível! Que coisa fantástica saber que eu posso chegar aonde eu sempre quis e ser reconhecida pelo que eu faço!”, comemora, esperando inspirar mais crianças e adolescentes.
A cerimônia de entrega do 4º Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher acontecerá no dia 10 de fevereiro (sexta-feira), no Auditório do CEUMA (Rua Maria Antônia, 294 – 3º andar – São Paulo/SP). A data foi escolhida em celebração ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Unesco. O evento será aberto a todos e contará com transmissão pelo canal da SBPC no YouTube, a partir das 15h.
Rafael Revadam – Jornal da Ciência