O Brasil vai receber entre os dias 24 e 27 de novembro um dos principais eventos relacionados à ciência no mundo, e se tornará sua capital, com a participação de profissionais e pesquisadores dos mais diversos países.
Esta é a primeira vez que o Fórum Mundial da Ciência (FMC) será realizado fora da Europa. As cinco edições anteriores aconteceram em Budapeste, capital da Hungria, mas em 2011 o comitê organizador do evento escolheu a cidade do Rio de Janeiro para sediá-lo. O tema central deste ano será “Ciência para o Desenvolvimento Sustentável Global”.
A importância deste fato foi destacada nesta sexta-feira no Seminário Brasil – Ciência, Desenvolvimento e Sustentabilidade, realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e que serviu de antessala para o evento mundial.
Ainda em 2011, foi criada a Comissão Executiva Nacional do FMC 2013, para organizar a participação brasileira no evento.
Esta preparação resultou em sete encontros, que começaram em 2012 em São Paulo. Em cada um deles foram debatidos temas relacionados aos principais desafios da ciência no século 21, tanto aqui como no exterior.
Quatro temas foram destaque nestes encontros: Educação em Ciência; difusão e acesso ao conhecimento e interesse social; ética em ciência; e ciência para o desenvolvimento sustentável e inclusivo
A síntese destes debates é o documento “Ciência para o Desenvolvimento Sustentável Global: Contribuição do Brasil”. A publicação reúne as propostas e conclusões das discussões prévias e foram apresentadas no seminário.
Mariano Laplane, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), um dos organizadores do seminário, fez uma avaliação do evento e da contribuição do Brasil para o FMC: “O seminário tinha dois objetivos e acho que os dois foram cumpridos. Queríamos das aos convidados estrangeiros que vem ao Brasil a chance de ver até que ponto a ciência brasileira progrediu e também dar oportunidade à comunidade científica do país de alguma maneira fazer chegar sua mensagem aos convidados do fórum internacional”.
O Brasil quer contribuir para o FMC através de propostas a partir das conclusões do encontros prévios, como por exemplo a importância do investimento em CT&I em tempos de crise econômica; a educação como peça fundamental para o desenvolvimento científico e tecnológico e para a inclusão social; a contribuição da educação científica para a democracia e para a agenda política das nações; a sustentabilidade no uso de recursos naturais; a urgência de ações governamentais e científicas para enfrentar mudanças climáticas; e a ética como pressuposto incondicional da ci
Um dos temas citados no encontro foi a polêmica do uso de animais como cobaias em experimentos de ciência médica. A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, disse que o tema não será abordado nos painéis do FMC, mas em uma reunião setorial.
“Criamos uma lei federal fantástica de como utilizar animais em pesquisa, a Lei Arouca, dentro da ética e como você fiscaliza (…) Ela criou o Conselho Nacional de Experimentação Animal que tem inclusive a participação de ongs protetoras de animais (…)”.
Segundo ela, agora um grupo de ativistas que acredita que há maus tratos vai contra a lei e promove invasões para destruir laboratórios, em referência a uma recente ação contra uma unidade que utilizava caes da raça Beagle em pesquisas.
O último painel do seminário foi coordenado pelo secretário executivo do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luiz Antônio Elias, que falou sobre a importância da realização do FMC no país: “De certa forma é um reconhecimento do processo de crescimento da ciência no Brasil, da importância que ela tem hoje, do nível de publicação científica que aqui está sendo feito, da pós-graduação, dos laboratórios”, comentou.
Ao finalizar os trabalhos, Luiz Antônio lembrou: “Devemos aprofundar nossas políticas públicas, quer na questão da educação, quer na importância da ciência e da pesquisa básica como eixo para se sair da crise econômica. Esta é maior expressão da realização desse fórum no Brasil”, concluiu.