A programação científica da Reunião Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no Piauí será aberta com uma conferência sobre o bicentenário da Batalha do Jenipapo. O confronto ocorrido no dia 13 de março de 1823, às margens do rio de mesmo nome na vila de Campo Maior, no Piauí, foi um dos mais sangrentos momentos da guerra pela Independência do Brasil, mas ainda é pouco conhecido pelos brasileiros. A conferência será ministrada por Johny Santana de Araújo, professor do Departamento de História da Universidade Federal do Piauí (UFPI), e apresentada por Ildeu de Castro Moreira, presidente de honra da SBPC e professor e pesquisador do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A Reunião Regional será realizada nos dias 13 e 14 de março em Teresina, e no dia 15 em Campo Maior.
Araújo falará sobre como a Batalha do Jenipapo tem uma relação profunda com a questão da edificação do Estado Imperial Brasileiro e, como, a partir dessa discussão, podemos pensar o futuro do País.
“No passado, essa batalha uniu o Brasil em torno de uma causa, que foi a Independência, e agora, 200 anos depois, o País enfrenta outros desafios. A relação maior que a gente pode fazer é com a ideia de libertação. Ainda mais com essa libertação que o País passou recentemente, e que nos empurra novamente para uma perspectiva de um novo horizonte. Como um horizonte da integração, de um país mais unido, mais dedicado à ciência e à construção da educação libertadora”, afirma.
O pesquisador defende a importância de revisitar o passado, considerando as histórias que ficaram “de fora” da historiografia nacional. “Além de fazer uma relação dos 200 anos com o momento atual, falar da Batalha é uma ótima oportunidade de ampliar os olhares além do eixo Rio-São Paulo e, também, desmitificar a visão epopeica que foi o ‘Grito da Independência’. Quero mostrar que esse aspecto maior que revigora essa história da Independência não foi feita apenas pelo jovem imperador Dom Pedro I, mas também por homens, mulheres, indígenas e libertos que pegaram em armas para enfrentar o exército português”, ressalta.
O evento
Com o tema “Território ancestral e promissor: ciência para o desenvolvimento sustentável e inclusivo do Piauí”, o evento conta com inscrições gratuitas e transmissão online pelo canal oficial da SBPC no Youtube.
Durante a Reunião Regional, o público poderá participar de 14 atividades ao todo. Além da sessão de abertura, o evento contará com três conferências, incluindo a de encerramento, oito mesas-redondas e duas sessões especiais que contarão com a participação de pesquisadores locais e de outras regiões do País.
Além da “Batalha do Jenipapo”, a Reunião Regional contará com conferências sobre os “Desafios do ensino superior e da pós-graduação” e “A construção de uma sociedade sustentável”.
Entre as mesas-redondas, estão programadas discussões sobre “Avanço do agronegócio e da mineração e suas consequências no estado do Piauí”, “Perspectivas para uma economia sustentável no Piauí”, “Território ancestral: desafios nacionais da arqueologia e da paleontologia”, “Qual inclusão social queremos? que políticas efetivas integram indígenas, quilombolas, mulheres e LGBTQUIA+, entre outros?” e “Superação da pobreza (acesso à água, saneamento e geração de riquezas)”.
Já as sessões especiais discutirão “Violência contra as mulheres: como proteger as Janainas?” e “Duzentos anos após a Batalha do Jenipapo: qual o legado para refundar o Brasil dos próximos 200 anos”.
Assim como ocorre em todos os eventos da SBPC, a Reunião Regional tem como um de seus objetivos principais popularizar e valorizar a produção científica nacional e inseri-la no cotidiano dos cidadãos.
As atividades da Reunião Regional são gratuitas e abertas ao público em geral, mas quem quiser receber o certificado de participação geral do evento precisa se inscrever no site https://rr.sbpcnet.org.br/piaui/
Veja a programação completa no site do evento.
Vivian Costa – Jornal da Ciência