Universidade aberta a novos saberes, sujeitos e epistemologias

Artigo da nova edição da Ciência & Cultura discute um modelo para a refundação das universidades brasileiras

whatsapp-image-2023-05-03-at-11-06-43Durante todo o século vinte, as populações negras, indígenas e dos demais povos tradicionais, assim como as suas ricas tradições de conhecimento, foram todas excluídas do ensino superior. E com elas, os mestres e mestras dessas tradições foram igualmente silenciados. Isso é o que aborda artigo da nova edição da Ciência & Cultura, que tem como tema “Universidade do Futuro do País”.

Segundo José Jorge de Carvalho, professor no Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB), nosso ensino superior foi construído sob o signo de uma dupla exclusão: exclusão étnico-racial e exclusão epistêmica. “As tradições de conhecimento, em todas as áreas – científicas, tecnológicas, humanísticas, artísticas e espirituais – preservadas e atualizadas pelas comunidades indígenas e afro-brasileiras não foram incluídas nos currículos dos cursos,” afirma.

Para o pesquisador, necessitamos hoje de um novo plano de metas que deverá incluir um conjunto o mais completo possível de ações afirmativas simultâneas e articuladas. Ele deve garantir a efetiva implementação de cotas em todos os níveis: na graduação, na pós-graduação, na docência e na pesquisa; na permanência, incluindo apoio psicopedagógico para os estudantes cotistas; nos cargos da gestão superior (diretores e pró-reitores) das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES); nos pareceristas, nas bolsas de pesquisa, nos Conselhos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e das Fundações de Apoio; nos projetos de Extensão; nos editais, incluindo temas direcionados para as comunidades indígenas e afro-brasileiras. Ou seja, negros, indígenas, quilombolas e pessoas das classes populares devem ocupar todos os espaços acadêmicos, e não apenas as aulas da graduação.

“Uma universidade aberta a novos saberes, sujeitos e epistemologias deve passar, necessariamente, por um rearranjo radical do seu modelo vigente, que pode ser descrito como monoepistêmico, monocultural, monolíngue, monoétnico e monorracial”, enfatiza Carvalho.

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