O físico e professor emérito do Instituto de Física da Universidade Federal Fluminense (UFF), Paulo Murilo Castro de Oliveira, faleceu nessa terça-feira, 2 de maio.
Oliveira se graduou em Física na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio) em 1973, tendo concluído mestrado em 1976 e doutorado em 1980, pela mesma instituição. Se associou à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em 1977. Em 1980 foi contratado como professor titular do Instituto de Física da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde atuou por 34 anos até se aposentar em 2014, assumindo o título de professor emérito desde então.
Conforme relata a Academia Brasileira de Ciências (ABC), na qual ele era membro, Paulo Murilo tinha duas linhas de pesquisa principais em física computacional. A primeira, na qual trabalhou desde a década de 70, tratava de fenômenos críticos e transições de fase. Em 1996 introduziu um novo método para calcular propriedades termodinâmicas, ao qual denominou “Broad Histogram Method”, que permite determinar diretamente o espectro energético do sistema em estudo através de médias de grandeza obtidas por simulações computacionais. Dessa forma, diferentes temperaturas podem ser estudadas em uma mesma simulação computacional, ao contrário de outros métodos que assumem temperaturas fixas.
A segunda, que desenvolveu desde 1986, trata da modelagem de sistemas complexos, isto é, sistemas formados por diversas unidades interconectadas com influência mútua e que evoluem no tempo. Diversos temas da ciência e atividade humana podem ser considerados sistemas complexos, desde mercados até a evolução biológica, e estudá-los em profundidade requer cada vez mais capacidade computacional. O pesquisador escreveu três publicações sobre esse assunto: “Sistemas Complexos”, Ciência Hoje 16 (92): 14, 1993 “Biologia, Física e Computadores: uma Saudável Simbiose”, Ciência Hoje 22 (127), 54(1997); “Computer Simulations of Neural Networks”, Computers in Physics 11, 1997.
Ildeu de Castro Moreira, presidente de honra da SBPC, lamentou a morte do amigo e ressaltou seu papel na academia. “Adeus e muito obrigado, Murilinho! Brilhante cientista, excepcional professor, enorme ser humano, muito atuante na universidade e na SBF (Sociedade Brasileira de Física), pessoa destemida que sempre batalhou intensa e apaixonadamente pela educação, pela ciência, pelo País e por sua gente. Vai, colega e amigo de décadas, mas nos deixastes a força de tuas convicções e teu exemplo! Esta Segunda Lei da Termodinâmica, que tão bem ensinavas, nos deixa órfãos de tua inteligência, ironia, energia e amizade.”
Jornal da Ciência