O ensino superior no Brasil demorou a surgir – e a se expandir. Até 2002, o país tinha apenas 45 universidades federais, concentradas, principalmente, nas regiões Sudeste e Sul. De acordo com dados do Censo da Educação Superior 2013, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), esse número elevou-se para 63, em 2014, com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Os 148 campi experimentaram um aumento para 321, no período, construídos principalmente em cidades de médio porte no interior do país, visando a desconcentração regional. Isso é o que mostra reportagem da nova edição da Ciência & Cultura, que tem como tema “Universidade do Futuro do País”.
Com isso, entre 2003 e 2013, o percentual de crescimento das matrículas, nas regiões Nordeste e Norte, foi de 94% e 76%, respectivamente, segundo o relatório A democratização e expansão da educação superior no país 2003-2014 da Secretaria de Educação Superior (SESu). O documento também mostra um aumento de 86% nas matrículas nas universidades federais, no período. Além disso, as vagas nos cursos noturnos — que beneficiam os estudantes trabalhadores — subiram de 944.584 para 3,45 milhões.
A construção das universidades na periferia e no interior do país facilitou o acesso, ao ensino superior público, para jovens e adultos que antes não tinham essa perspectiva em suas vidas. “A expansão das instituições de educação superior (IES) brasileiras foi muito importante, pois permitiu, além do ingresso de maior número de pessoas, a ampliação do acesso pela interiorização de novos campi e a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs), o que trouxe para a educação superior pessoas que não poderiam ter se deslocado para estudar longe do seu domicílio”, afirma Gladys Beatriz Barreyro, professora na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP). A pesquisadora também aponta que se, por um lado, essa ampliação foi muito essencial, por outro ela ainda foi insuficiente.
O número de vagas nas universidade e IES cresceu, mas não acompanhou a necessidade real da população brasileira – especialmente a de baixa renda. A demanda continua sendo maior do que a expansão trazida pelo Reuni. “A expansão do ensino privado é astronomicamente superior do que das universidades públicas e isso acarreta equidade e oportunidade de acesso ao estudante que deseja ingressar na universidade”, explica Maria das Graças Gonçalves Vieira Guerra, professora do Centro de Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “É preciso uma política pública de reestruturação curricular mais radical, capaz de atingir um maior contingente da população na idade de escolarização universitária”, defende a pesquisadora.
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