SBPC manifesta pesar pela morte de Vanilda Pereira Paiva

A educadora, ex-diretora do Inep e criadora do Instituto de Estudos da Cultura e Educação Continuada (IEC) foi secretária regional da SBPC no Rio de Janeiro e membro do Conselho da entidade entre 1986 e 1990

vanildaA Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência manifesta seu pesar pelo falecimento, em 22/06/2023 (dia em que completaria 80 anos) de Vanilda Pereira Paiva.

A SBPC relembra seu papel relevante, como secretária-regional no Rio de Janeiro e membro do Conselho Regional do Rio, no período entre 1986 e 1990, um momento de reconstrução da democracia no país.

Sua trajetória acadêmica e profissional na área de Educação foi intensa e relevante, no Brasil e no exterior, em diversas universidades e instituições. Seus trabalhos relativos às questões da educação popular, entre outros, tornaram-se referências nos estudos educacionais.

Desempenhou também tarefas administrativas relevantes, como diretora do INEP, Pró-Reitora de Graduação na UFRJ e vice-presidente do ISER. Criou, nos anos 90, o Instituto de Estudos da Cultura e Educação Continuada (IEC).

Suas palavras merecem reflexão, “Pessoalmente sempre atuei e publiquei sem qualquer preocupação como as que dominam os nossos dias. Minhas normas sempre foram repetir o menos possível, fidelidade às mudanças ocorridas na minha maneira de ver os fenômenos educacionais e sociais por razões teóricas ou empíricas, pesquisar e escrever como resultado de um interesse e impulso interno. Talvez seja algo velho, mas é o tributo da idade. Nos últimos 5 anos continuei trabalhando como antes, mas sem o mesmo entusiasmo por temáticas sobre as quais eu teria podido facilmente escrever.” (em outras informações relevantes, em seu currículo Lattes).  Sua ausência será sentida.

Vanilda Pereira Paiva nasceu na zona rural do Rio de Janeiro em 22 de junho de 1943. Ela fez o curso primário em escolas rurais e o secundário no Colégio Pedro II. Sua graduação em Educação foi iniciada na Universidade do Brasil e concluída, em 1965, na UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). Vanilda fez seu mestrado em Planejamento Educacional da PUC-Rio, entre 1969 e 1972. Em seguida, fez o doutorado na Universidade de Frankfurt am Main (Alemanha) com a defesa de tese em julho de 1978 e exame oral em Educação, Sociologia e Neolatinas.

Quando professora da UFRN, foi punida com a perda de seu cargo por motivos políticos, em 1969. Depois, trabalhou no Rio de Janeiro, no Instituto Brasileiro de Desenvolvimento (IBRADES), órgão ligado à CNBB, entre 1969 e 1971 e, mais tarde, entre 1976 e 1985.

Pesquisadora ênior do CNPq, Vanilda teve uma trajetória acadêmico-profissional com muitas realizações.  Foi professora da Unicamp e da UFF, além de ter sido visitante na Universidade de Notre Dame (Estados Unidos), na Universidade de Frankfurt-Main, na PUC-SP, e no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH/UERJ).

No primeiro ano da redemocratização, Vanilda foi diretora do INEP/MEC, e Pró-Reitora da UFRJ, secretária regional da SBPC e vice-presidente do ISER. Foi ainda diretora adjunta do Unesco Institute of Education (UIE), em Hamburgo (Alemanha), em 1993-1994. Terminou sua vida acadêmica na UFRJ.

Nos anos 90, fundou a ONG Institutos de Estudos da Cultura e Educação Continuada (IEC), centrada em pesquisas em sociologia da educação e do trabalho. Fundou Contemporaneidade e Educação, revista de ciências sociais e educação.

Vanilda Paiva publicou seu livro Educação Popular e Educação de Adultos em 1973, no qual deixou registrada a movimentação do setor ao longo do século XX. Sua tese de doutorado foi publicada em 1980, com o título Paulo Freire e o Nacionalismo Desenvolvimentista. Entre suas publicações, encontram-se textos sobre campesinato, igreja católica, sociologia do trabalho e da educação.

Vanilda deixa quatro irmãos: Valter, Luiz Carlos, Alexandre e Elizabeth, além do querido César (in memoriam), 11 sobrinhos e sobrinhas e 7 sobrinhos-netos e sobrinhas netas, e era viúva do sociólogo francês Claude Dubar, falecido em 2015. Durante os 12 anos de casados, escreveram juntos obras como: Le secret d´Alvino – Récits de vie d´um Indien du Brésil, com a colaboração de Alvino Andrade Macuxi, publicado em Paris em 2012; e a Reforma da Vida, publicado no Brasil em 2015.

Na quinta-feira, 22 de junho de 2023, na data de seus 80 anos, Vanilda Paiva faleceu em virtude de complicações pós-operatórias. A SBPC se solidariza com familiares e amigos nesse momento de tristeza.

Jornal da Ciência