Uma revista para falar sobre ciência, cultura e suas inúmeras conexões com nossas vidas. Essa é a Ciência & Cultura, revista de divulgação científica da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Lançada em janeiro de 1949 – meses após a fundação da SBPC – a revista é o mais antigo veículo de divulgação científica em circulação no Brasil. Ela nasceu com o objetivo de difundir o conhecimento científico e promover uma aproximação entre cientistas e o público, visando a ser “aberta não apenas a cientistas, mas a todos os que se interessem pela ciência, por suas aplicações e pelas consequências destas”, conforme se lê na contracapa de sua primeira edição.
A revista Ciência & Cultura é um marco para a institucionalização da ciência no País. Com edições temáticas, a revista une textos científicos, de opinião e de divulgação, e fala tanto para um público especializado quanto para o público em geral. Desta forma ela consegue mostrar perspectivas diferentes sobre diversos assuntos.
História
A Ciência & Cultura foi idealizada por José Reis (1907-2002), que a dirigiu de 1949 a 1954 e de 1972 a 1985. Em 1968, ela passa por sua primeira remodelação, recebendo um tratamento gráfico mais artístico. A partir dos anos 1970, as críticas ao regime militar eram frequentes em suas páginas. Nos anos 1990, ocorre uma grande transformação: a revista passa a ser publicada integralmente em inglês, tornando-se o “Journal of the Brazilian Association for the Advancement of Science”. O editorial assinado por Cesar Timo-Iaria justifica que “a vantagem de usar o inglês é que essa língua, falada em países predominantes em escala mundial, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, passou a ser a língua franca em todos os continentes, e dessa forma intermediando todos os tipos de comunicação humana, prevalecendo sobre todas as outras línguas”.
Porém, após a Reunião Anual da SBPC de 2000, realizada em Brasília, ela volta a ser publicada em português. No mesmo ano, a publicação passa a ter suporte técnico do Laboratório de estudos Avançados (Labjor), da Unicamp, e a ser dirigida por Carlos Vogt, então vice-presidente da SBPC na gestão de Glaci Zancan, que ficou à sua frente de 2000 a 2007 e de 2018 a 2021.
Após 20 anos sendo produzida no Labjor, a redação da revista volta à SBPC em 2022, quando passa por uma nova reformulação, tornando-se inteiramente digital — mas sem perder o perfil original que a tornou um dos mais importantes e históricos veículos de divulgação científica do País.
Modernização
A reformulação da revista visa a possibilitar um maior engajamento com as diversas plataformas e mídias sociais. “Desta forma, buscamos não apenas modernizar a revista, mas também ampliar nosso alcance e impacto na sociedade, além de estimular uma maior proximidade e interação entre ciência, cultura e a população”, aponta Chris Bueno, editora-executiva da revista. A publicação passou por fases diversas, mas sempre buscou informar a comunidade científica sobre questões importantes para a ciência no Brasil, contribuindo para o debate de grandes temas científicos e culturais da atualidade, atraindo a atenção das novas gerações de pesquisadores e oferecendo conteúdos para uma reflexão sobre tais temas.
De publicação trimestral, a cada edição a revista escolhe um tema para abordá-lo do ponto de vista da ciência, cultura, arte e filosofia. Todos os meses, um novo capítulo é publicado, trazendo artigos, ensaios, reportagens jornalísticas, textos de opinião, vídeos, podcasts e muito mais. Desde sua reformulação, já foram abordados temas como “Bicentenário da Independência – Povos e Lutas”, “A Semana de Arte Moderna e o Século Modernista – Extensões”, “200 anos de Ciência e Tecnologia no Brasil”, “Ciência & Vida” e “Ciência Básica para o Desenvolvimento Sustentável”. A edição sobre o Bicentenário da Independência, aliás, ficou entre as 10 mais visualizadas do período no Acervo Digital da SBPC: 5º lugar, com 872 acessos.
Edições
A revista completa 74 anos com 462 edições publicadas. Para preservar sua memória, uma parceria entre a SBPC e a Hemeroteca Digital Brasileira, da Biblioteca Nacional (BN), viabilizou a digitalização de toda sua coleção até 2017. Todos os números podem ser consultados no site da Hemeroteca Digital Brasileira. As edições também estão disponíveis no Scielo (a partir de 2002) e no Acervo Digital da SBPC(a partir de 2007). Além de poder ler todas as edições da revista online, também é possível ouvir e assistir seus conteúdos através dos canais no YouTube e no Spotifty (e em diversos outros tocadores).
“A divulgação científica é decisiva para melhorar a qualidade do conhecimento da população em geral”, afirmou Renato Janine Ribeiro, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no lançamento da nova versão da revista. “Nosso grande desafio é saber comunicar a ciência para as pessoas leigas e mostrar como a ciência pode melhorar suas vidas. Isso vale também na educação, especialmente na educação básica. Se conseguirmos mostrar para as crianças e os adolescentes como a física, a química, até mesmo a filosofia têm um impacto positivo sobre a vida delas, podemos ter ganhos significativos na qualidade do conhecimento”.