Isoladamente, a computação – uma ciência exata –, não consegue apresentar solução para os dilemas sociais, éticos e políticos surgidos com a tecnologia e sua penetração cada vez maior em todos os campos da vida humana.
Esta é a visão do cientista da computação, Virgílio Augusto Almeida, que defende uma colaboração mais ampla das ciências sociais com as da computação na “governança dos algoritmos” – termo que se refere a diversas práticas para controlar, moldar e regular algoritmos e seus efeitos.
“A computação pode ajudar a detectar os sinais e as ciências sociais a dar sentido a estes sinais”, explicou Almeida, que foi o conferencista da sessão “Como as ciências sociais podem contribuir para a governança de algoritmos?”.
Coordenada pelo professor, José Luiz de Souza Pio, do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a conferência foi realizada quinta-feira (27/7), dentro da programação científica da 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Professor emérito do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), associado ao Berkman Klein Center for Internet and Society da Universidade de Harvard, Virgílio Augusto Almeida defendeu a interdisciplinaridade nas pesquisas sobre o tema. Frisou ainda a necessidade de maior interação entre pesquisadores, acadêmicos, jornalistas e legisladores na compreensão dos “sistemas sociotécnicos” e de treinamento dos professores em todos os níveis para o digital.
Almeida reiterou a necessidade de regulação das plataformas de redes sociais e IA pelo fato de que são tecnologias dominadas por poucas empresas internacionais, cujas decisões são tomadas fora (do Brasil). Mas alertou que não é suficiente para a governança dos algoritmos.
“Cada vez mais, o que a gente lê, o crédito que a gente solicita, a concessão de um visto no passaporte são exemplos simples de decisões que são tomadas pelos algoritmos”, afirmou.
Para ele, o País tem uma experiência prévia bem-sucedida com o Marco Civil da Internet (MCI), que envolveu amplas e diferentes camadas da sociedade e poderia avançar no mesmo caminho para a Inteligência artificial.
Leia mais sobre o assunto no artigo “Governando algoritmos: interdisciplinaridade, democracia e poder”, assinado por Virgílio Almeida com os professores Fernando Filgueiras (Universidade Federal de Goiás) e Ricardo Fabrino Mendonça (UFMG), que foi publicado na mais nova edição do Jornal da Ciência Especial, disponível para download gratuito.
Janes Rocha – Jornal da Ciência