Grande parte do conhecimento que um país produz vem das universidades. Essa é uma realidade de todos os países, pois os centros universitários são uma verdadeira fábrica de inovações que podem contribuir em todos os âmbitos, desde como desenvolver um processo educacional melhor até aos avanços científicos que permitem curar doenças que até então não se imaginavam alcançar a cura.
O Brasil é um dos países emergentes que mais desenvolve novas tecnologias do mundo. Entre os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) fica atrás da China e dá Índia. E de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) o Brasil passa a ser o segundo no mundo na produção de equipamentos e tecnologia médica, em um ranking internacional elaborado pela QS Quacquarelli Symonds University Rankings – organização internacional de pesquisa em educação.
A lista toma como base os índices de citações de pesquisas e estudos. A área em que o Brasil mais de destaca é a agricultura e a silvicultura. As instituição mais bem qualificadas na área são as Universidades Estadual de Campinas (Unicamp) seguida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). A Universidade de São Paulo (USP) foi a instituição mais bem colocada que foi bem avaliada em 20 disciplinas. Por consequência essas são as instituições que mais investem em pesquisas no país.
Incentivo financeiro para pesquisas não falta em Goiás. O CNPq tem uma linha de financiamento grande, mas o número de projetos ainda é pouco e geralmente todos os inscritos são aprovados. Pesquisas, independente da área de atuação são muito importantes, pois eles podem desencadear uma série de outros questionamentos que necessitem de novas pesquisas. Mas o incentivo a realização desses projetos ainda não é tão efetivo.
De fato, se não fosse a produção acadêmica, não usufruiríamos de várias facilidades que temos nos dias de hoje. Até os anos 80 o Brasil era um país agrário, mas dos anos 90 até hoje os avanços científicos produzidos aqui nos permitiram alcançar uma independência econômica e industrial, ou seja, não precisamos mais importar toda um infraestrutura para instalarmos uma empresa de grande porte. Hoje importamos mais tecnologia do que importamos.
Mas segundo a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) o Brasil é responsável por 2,7% para produção científica mundial e ocupa a 58° colocação. O número é bom para um país emergente. Hoje a produção do país é maior do que a da Rússia que até então era líder no Brics. A intenção é superar a Índia que detém o segundo lugar. Com esse objetivo é necessário fomentar a produção científica. A saída está no investimento em educação de base – reformulando totalmente a metodologia do sistema – pois um ensino de qualidade motiva ainda mais os alunos a buscarem conhecimento.
Uma coisa desencadeia a outra. O investimento em pesquisa começa a ser feito na alfabetização. O nosso sistema educacional não foi feito com um pensamento de longo prazo e que não motivador. Uma metodologia que permita a criança descobrir as coisas e que trabalhe com a imaginação vai ser um grande reforçador positivo para que ela crie apreço por estudar, pois esse deve ser o principal desejo, pois pesquisa é estudo e muita dedicação.
Mas enquanto as autoridades não veem o meio certo de resolver os problemas o poder público vai investindo cada vez mais em pesquisas científicas, o que não é ruim, mas todo o processo poderia ser mais completo às mudanças comentadas acima. O plenário da Câmara dos Deputados apreciou no final de abril a PEC 290 de autoria da Deputada Margarida Salomão (PT-MG). A proposta desburocratiza o processo de investimento em pesquisas científicas e tecnológicas fortalecendo as empresas inovadores que queria investir em P&D, além de facilitar a liberação de recursos públicos para esses projetos.
Hoje o Brasil investe 1% do PIB. Já os Estados Unidos destinam 2% para a produção científica. Também é preciso entender que não são só recursos que irão melhorar a nossa produção científica. Um planejamento educacional de longo prazo que cultive essa cultura desde a infância. Pesquisar um processo educacional mais eficiente é um desafio para os cientistas brasileiros. Essa é uma das melhores formas de fomento.
(Rafael Barbosa, diretor de Inovação da Confederação Nacional dos Jovens Empresários/Conaje, da Associação dos Jovens Empreendedores de Goiás/AJE-GO, Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras, representante da Anjos do Brasil em Goiás)
(Diário da Manhã) – http://www.dm.com.br/texto/176923