A Saúde Coletiva é uma criação brasileira, nascida no final dos anos 1970, no marco de um contexto latino-americano que se encontrava em ebulição e que tratava das questões sociais associadas à saúde por meio do que se chamava de “medicina social”. Nesse marco, as desigualdades são apontadas não somente como produtoras de doença, mas também como obstáculo para a recuperação da saúde. Isso é o que discute artigo da nova edição da revista Ciência & Cultura, que tem como tema “Ciência Básica para o Desenvolvimento Sustentável”.
A Saúde Coletiva Brasileira produziu – em seus quase 50 anos de existência – relevantes análises sobre os efeitos das desigualdades na distribuição de doenças e agravos, mantendo uma clara ênfase na determinação sócio-histórica e cultural dos objetos estudados. “Precisamos assumir que podemos atingir a soberania sanitária. Podemos e devemos produzir e desenvolver medicamentos, vacinas e insumos para a saúde de maneira autônoma”, defende Rosana Onocko-Campos, professora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
A saúde coletiva, ao introduzir as ciências humanas no campo da saúde, reestrutura as coordenadas desse campo, trazendo para o seu interior as dimensões simbólica, ética e política, o que somente poderá revitalizar o discurso biológico. Para a pesquisadora, temos dívidas históricas com nossos povos. Portanto, é preciso avançar em prol de sua dignidade, única forma de combater a violência e a exclusão crescentes que se arrastam pela região. “Vivemos um mundo globalizado e marcado pelas desigualdades. As marcas da pandemia só exacerbaram a concentração da riqueza e a exclusão. Sequelas podem ser detectadas na piora de indicadores de saúde, no incremento das desigualdades de acesso à educação e no aumento da violência doméstica”.
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https://revistacienciaecultura.org.br/?p=4384
Chris Bueno – Ciência & Cultura