A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) lamenta o falecimento do advogado José Gregori, ocorrido neste domingo, 3 de setembro, aos 92 anos, em São Paulo.
“Ele foi um dos grandes nomes na luta pelos direitos humanos no Brasil, mostrando-se ativo no período da ditadura, na instauração democrática após o seu fim e, ainda, nos anos recentes, em que os direitos estiveram sob grave ameaça”, afirmou o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro.
Gregori deixa três filhas, dentre elas, Maria Filomena Gregori, professora do Departamento de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do Observatório Pesquisa, Ciência e Liberdade da SBPC.
Formado pela Faculdade de Direito (FD) da Universidade de São Paulo (USP), o jurista possui longa história na defesa da cidadania, dos direitos humanos e da democracia. Foi signatário da “Carta aos Brasileiros”, de 1977 e uniu forças em prol da “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros – Estado Democrático de Direito Sempre”, que foi lida no Pátio das Arcadas, em 11 de agosto do ano passado. Em nota, a USP lembra que, em vídeo gravado pela FD, Gregori destacou os dois momentos históricos, explicando que não pode haver Estado Democrático de Direito que não respeite os direitos humanos.
Em sua longa carreira, Gregori lecionou Ética Profissional e Introdução à Ciência do Direito na PUC de São Paulo em períodos alternados, entre 1980 e 1995. Em 1997, assumiu a chefia da recém-criada Secretaria Nacional dos Direitos Humanos. No início de 1999, foi elevado a Secretário de Estado para Direitos Humanos, com status de ministro de Estado. Foi o principal responsável pela elaboração da Lei 9.140/95, que reconhece como mortas as pessoas até então dadas como desaparecidas durante a ditadura no Brasil. Ocupou a pasta da Justiça de abril de 2000 a novembro de 2001 no Governo Fernando Henrique Cardoso. Foi embaixador do Brasil em Portugal de 2002 a 2004. Desde 2010, presidia a Comissão de Direitos Humanos da USP, instância ligada à Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento.
Gregori também era membro da Comissão Arns, que prestou condolências. “Com enorme tristeza, a Comissão Arns lamenta o falecimento de um de seus membros fundadores. Seu legado em defesa dos direitos humanos não será esquecido! Nossa solidariedade aos familiares.”
A Associação Brasileira de Antropologia (ABA) também lamentou o falecimento do jurista. “Figura pública de grande relevância para a história da democracia e da defesa dos direitos humanos no Brasil. Nossa solidariedade para com seus familiares, especialmente sua filha, Maria Filomena Gregori, ex-presidente da ABA”.
A SBPC se solidariza aos amigos, familiares e entes queridos de José Gregori nesse momento de tristeza.
Jornal da Ciência, com informações de agências