O terceiro mandato do presidente Luís Inácio Lula da Silva marca uma busca pela recuperação do papel do Brasil no cenário político-econômico global. Uma das propostas centrais é revitalizar a integração econômica da América do Sul, especificamente por meio da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), que havia sido largamente negligenciada durante o período de 2016 a 2022 devido a questões políticas e ideológicas. Isso é o que discute artigo da nova edição da Ciência & Cultura, que tem como tema “América Latina: Integração e Democracia”.
A proposta de reviver a UNASUL visa consolidar a integração econômica na região, abrangendo áreas como cooperação comercial, monetária e financeira, bem como o desenvolvimento de infraestrutura produtiva. Isso visa alcançar a estabilidade macroeconômica e o desenvolvimento econômico e social tanto para os países membros quanto para a região como um todo. “Histórica e analiticamente, o processo de integração na América do Sul tornou-se uma realidade. No entanto, ainda existem problemas econômicos a serem superados, principalmente os relacionados às desigualdades e assimetrias econômicas dos países da região”, pontua Fernando Ferrari Filho, professor aposentado do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
No entanto, surge a pergunta sobre a viabilidade do atual arranjo institucional da UNASUL para efetivamente promover a integração econômica, dadas as disparidades econômicas e estruturais entre seus membros. O artigo propõe a criação de um Conselho Regional da UNASUL (CRU), baseado nos princípios da Proposta para uma União de Compensação Internacional de Keynes, para coordenar políticas macroeconômicas, arbitrar políticas comerciais, estabilizar taxas de câmbio e lidar com desequilíbrios de balanço de pagamentos, entre outras funções.
Fernando Ferrari destaca que, historicamente, a América do Sul tem buscado integração econômica, mas enfrenta desafios relacionados a desigualdades e assimetrias econômicas. O arranjo proposto visa superar esses problemas, padronizar impostos, promover o comércio regional e estimular investimentos, contribuindo para a estabilidade econômica e o desenvolvimento na região. No entanto, a implementação desse arranjo pode enfrentar obstáculos políticos e econômicos, incluindo diferenças entre países membros da UNASUL e questões relacionadas à participação da Venezuela. Assim, enquanto a proposta parece promissora, sua realização pode ser um processo longo e complexo. “Em um mundo globalizado financeiramente e com significativas desigualdades econômico-sociais entre os países desenvolvidos, emergentes e não desenvolvidos, as relações comerciais e financeiras Sul-Sul devem ser estimuladas”, afirma o pesquisador.
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