Governo do DF responde à moção da SBPC de repúdio à plantação de soja e milho irrigados no Corredor Ecológico Capivara

A resposta da Secretaria de Estado de Relações Institucionais do Distrito Federal foi encaminhada à Presidência da entidade em 26 de setembro

O Governo do Distrito Federal (DF), por meio do secretário de Relações Institucionais, Agaciel Maia respondeu, em 26 de setembro, à “Moção de Repúdio à plantação de soja e milho irrigados no Corredor Ecológico Capivara e a outros empreendimentos com impactos semelhantes”, aprovada pela Assembleia Geral Ordinária de Sócios da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no dia 27 de julho, durante a 75ª Reunião Anual, realizada na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. O documento foi encaminhado a todos os governadores, dentre eles o do DF, Ibaneis Rocha, em 28 de agosto.

Leia a íntegra:

Senhor Presidente,

Reporto-me a correspondência eletrônica, de 28 de agosto de 2023, por meio da qual essa Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência apresenta Moção de Repúdio à plantação de soja e milho irrigados no Corredor Ecológico Capivara e a outros empreendimentos com impactos semelhantes.

Após análises dos órgãos envolvidos, encaminho manifestação conforme segue:

“O texto da moção da SBPC não deixa dúvidas quanto à importância dos Parques  Nacionais da Serra da Capivara e Confusões e dos motivos que levaram o governo a criar estas duas unidades de conservação e o corredor que as interliga, pois além dos ecótonos de rara beleza e grande importância para o Cerrado e Caatinga, a região abriga mais de 1300 sítios arqueológicos, belíssimas pinturas rupestres e as datações do homem mais antigo das Américas.

Graças ao pioneirismo da Dra. Niede Guidon, esse sítio peculiar foi revelado ao mundo, atraindo a atenção de cientistas e turistas de todo lugar, além de tornar-se alvo de um grande esforço para que fosse desenvolvida na região uma economia associada à riqueza da natureza local e à riqueza das descobertas que compõem nossa origem como habitantes da América.

Uma autorização para o plantio de quase 13.000 ha de soja e milho na região, além de provocar impactos irreversíveis na natureza local, cria uma dinâmica econômica que vai de encontro a todo o esforço de valorização daquela área pelos seus atributos únicos. Por isso, não se justifica, em função de inúmeras áreas que já foram descaracterizadas para a implantação dessa atividade agrícola. Prejudica um esforço de décadas para se criar alternativas de renda para a população local que sejam compatíveis com a manutenção e valorização daquele sítio único.

Nesse sentido, sugerimos que essa Secretaria do Meio Ambiente e Proteção Animal se manifeste apoiando a moção da SBPC, num gesto de fortalecimento das ações que estão sendo organizadas para impedir que aquele local de importância mundial seja degradado de forma irreversível.”

Aproveito o ensejo para renovar os votos de estima e consideração.

Atenciosamente,

AGACIEL MAIA

Secretaria de Relações Institucionais

 

 

 Jornal da Ciência