Povos isolados é o destaque de novembro de 2023 do calendário “Ciência, povos originários e defensores da floresta”, produzido pela SBPC. A versão em PDF do calendário de 18 meses (2023-2024) pode ser baixada gratuitamente no site da entidade.
O Brasil concentra o maior numero de povos isolados do mundo. Relatório da Funai de 2017 contabiliza a existência de 115 registros de povos não contatados, sendo 28 deles confirmados e o restante em investigação. O isolamento voluntário desses povos, que resistem ao contato até com outros grupos indígenas, é fruto da violência contínua a que seus antepassados foram submetidos ao longo da história. Essas ações determinaram o deslocamento de grupos indígenas para regiões recônditas da Floresta Amazônica e outras áreas remanescentes de florestas de difícil acesso. Só no Vale do Javari (AM) há registros de 19 povos com línguas e costumes desconhecidos. Fora da Amazônia Legal, o grupo isolado dos Avá-Canoeiro ocupa porções do Tocantins, Goiás e Bahia.
Mais recentemente, até mesmo Terras Indígenas já demarcadas e homologadas pela União são alvos de constantes violações promovidas por grileiros, desmatadores, garimpeiros, madeireiros, caçadores e pescadores. O narcotráfico também é uma ameaça à integridade dos isolados nas regiões fronteiriças do Brasil com outros países da América do Sul. Vigora no Brasil desde 1987 a mais antiga política pública voltada para povos isolados. Elaborada por sertanistas, antropólogos e servidores da Funai, tem como princípio evitar ao máximo a aproximação para garantir a sobrevivência e o direito ao isolamento desses povos.
A atual política indigenista, com a precarização da atuação da Funai, a naturalização da violência contra os povos indígenas e a desregulamentação ambiental, contraria os preceitos constitucionais do artigo 231 da Constituição de 1988 e configura uma ameaça à sua sobrevivência e direitos.
Nesta edição, que cobre o período de janeiro de 2023 a junho de 2024, a publicação tem como objetivo homenagear pessoas, organizações e instituições que lutam em defesa de territórios, da inviolabilidade de suas culturas, dos saberes e pela valorização das populações originárias brasileiras.
Entre as personalidades, a obra destaca Chico Mendes, Dorothy Stang, Paulo Vanzolini, Bruno Pereira, Dom Phillips e Maxciel Pereira dos Santos, entre outros.
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Jorna da Ciência