A tecnologia a serviço dos biomas

Reportagem da nova edição da Ciência & Cultura discute quais são os principais recursos técnicos e tecnológicos que vêm sendo utilizados na restauração e conservação dos biomas brasileiros

cec-tercaA degradação dos biomas brasileiros vai além das imagens de desmatamento na Amazônia ou das queimadas no Pantanal. E sua restauração também. O uso da ciência e da tecnologia são essenciais para a recuperação de ambientes devastados. Isso é o que discute a reportagem da nova edição da revista Ciência & Cultura, que tem como tema “Biomas do Brasil”.

Segundo a pesquisadora Andrea Vanini, responsável pelo Levantamento da Flora e Restauração Ecológica na Fiocruz Mata Atlântica, todos os biomas do país enfrentam um perigo crítico de extinção. “As savanas e campos cobrem mais de 27% do nosso território e possuem altas quantidades de espécies endêmicas. O cerrado vem sofrendo altas taxas de degradação e nele vivem diversas comunidades tradicionais que dependem da conservação de sua biodiversidade. A Caatinga, que é um ecossistema exclusivamente brasileiro, é pouco mencionado quando se trata de campanhas de conservação e abriga uma população que sofre com a seca no semiárido.”

Para restaurar biomas degradados, diversas técnicas são aplicadas, variando conforme as características do bioma e seus níveis de degradação. A eliminação do principal vetor de degradação, como fogo, pastagem ou mineração, é a primeira medida. Em seguida, técnicas como regeneração natural assistida, semeadura direta, enriquecimento, implantação total e transposição de solo são empregadas, cada uma adaptada às necessidades específicas de cada região.

A heterogeneidade dos biomas, tanto entre eles como internamente, complica ainda mais o processo de restauração. Cada bioma, mesmo os de menor extensão como Pampa e Pantanal, apresenta diferentes formações vegetais, exigindo que técnicas e tecnologias sejam adaptadas para regiões específicas. Ana Paula Rovedder, professora do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e coordenadora da Rede Sul de Restauração Ecológica, destaca a importância de pensar em soluções específicas para cada contexto.

O uso de tecnologias desempenha um papel crucial na conservação dos biomas. O monitoramento via satélite permite identificar áreas prioritárias para conservação, processos de invasões e desmatamento, enquanto análises genéticas auxiliam na preservação de espécies ameaçadas. No entanto, é essencial reconhecer e valorizar as “tecnologias sociais”, que incluem práticas e saberes indígenas. Territórios indígenas protegem mais de 24% do território Amazônico, demonstrando a eficácia dessas práticas na conservação.

Além dos desafios técnicos, a proteção de territórios ameaçados é crucial. Biomas enfrentam ameaças como empreendimentos imobiliários, agricultura intensiva e exploração de recursos naturais. Os pesquisadores alertam para a necessidade urgente de estabelecer um diálogo entre a comunidade científica e o governo, revisando grandes empreendimentos que ameaçam os biomas. Apesar dos avanços percebidos, é crucial instituir políticas efetivas para enfrentar a degradação, como a busca por uma política de desmatamento zero na Amazônia. “É preciso financiamento interno e externo, políticas públicas, investimento em tecnologias sociais”, conclui Andrea Vanini.

Leia a reportagem completa:

https://revistacienciaecultura.org.br/?p=5150

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