De acordo com o antropólogo Terri Aquino, a aproximação foi feita por sete índios, sendo quatro rapazes, duas mulheres jovens e uma criança, possivelmente em busca de materiais como machados, facões e panelas. “Esse povo está em busca de tecnologia. Isso é importante para a vida deles, porque tem uma guerra interna entre eles e pelo contato com outros grupos não indígenas”, explicou o antropólogo da Funai, Terri Aquino.
O indígena Jaminawá José Correia acompanhou o recente contato e foi um dos responsáveis pela comunicação com os isolados, uma vez que fazem parte do mesmo tronco linguístico, o Pano. Segundo ele, os isolados relataram que foram atacados por não indígenas, e muitos morreram após contraírem doenças como difteria e gripe.
“Eles falam a nossa língua, fico muito contente de entendermos um ao outro. Vieram atrás de recursos, porque eles têm uma briga muito grande internamente, precisavam de armamento e de aliados. Eles também relataram que foram muito massacrados por não indígenas, possivelmente do lado peruano, que tocaram fogo em suas casas há dois anos. Morreram muitas pessoas de difteria e gripe”, diz.
Um levantamento feito pelo antropólogo Terri Aquino em alguns rios acreanos na fronteira com o Peru, aponta que os saques feitos por isolados aumentaram entre 1980 a 1989 e 2006 a 2013. Uma das hipóteses é que, quando ameaçados, eles busquem por essas tecnologias. “São quase 70 casos nos últimos anos, isso denota que esses povos andam buscando principalmente ferramentas de metais, substituindo o machado de pedra por machado de aço”, explica.
Os especialistas consideram o encontro como um momento histórico, não apenas pelo contato estabelecido, mas pela pressão em que vivem esses povos indígenas devidos as explorações de petróleo, madeira e o narcotráfico presente na região de fronteira, sobretudo, no lado peruano. Para eles, outros contatos podem ocorrer nos próximos anos em diversas regiões do Brasil, em locais em que há a presença de índios isolados.
Por meio de mapas, Aquino também mostrou como as regiões em que vivem os índios isolados no Acre está cercada por ameaças [exploração de madeira, petróleo, narcotráfico e construção de estradas] que pressionam uma aproximação das aldeias de índios já contatados.
Representantes de instituições peruanas e bolivianas também apresentaram os trabalhos desenvolvidos na proteção desses índios isolados. O antropólogo de Porto Maldonado, no Peru, Alfredo Gárcia Altamirano, explica que existe uma pressão política muito grande naquele país, feita principalmente pelas petroleiras, na normatização de leis de proteção para os povos indígenas. A proteção acaba sendo feita por organizações não governamentais que lidam com o tema.