Rosina de Barros, pesquisadora e professora do Departamento de Biologia Geral da Universidade de São Paulo (USP), desempenhou um papel fundamental na institucionalização da genética no Brasil. E também foi a pioneira na revista Ciência & Cultura: ela foi a primeira mulher a ter um artigo revista, publicado na terceira edição, em 1949.
O artigo, intitulado “Um caso de alteração na proporção entre os sexos, em ‘Drosophila mercatorum pararepleta’”, é um testemunho do comprometimento da professora Barros com a pesquisa em zoologia e biologia celular. Esses temas eram proeminentes nas publicações do Departamento de Biologia Geral nas décadas de 1930 e 1940.
O ambiente propício à pesquisa científica na USP, especialmente no Departamento de Biologia Geral, foi fundamental para o desenvolvimento da genética no Brasil. Foi nesse cenário que floresceu uma das primeiras escolas de genética do País, no curso de História Natural. Sob a direção do professor André Dreyfus, Rosina de Barros e seu grupo de assistentes atraíram a atenção da Fundação Rockefeller na América Latina, resultando em um plano de desenvolvimento da genética na FFCL.
Rosina de Barros, integrante da primeira turma de Ciências Naturais da FFCL, desempenhou um papel ativo no processo de institucionalização da genética, ocupando a posição de primeira assistente. Suas pesquisas, inicialmente centradas na determinação do sexo e histologia dos invertebrados, evoluíram ao longo do tempo, refletindo uma mudança de enfoque no Departamento de Biologia Geral.
A estreita relação entre a professora Rosina e o professor Dreyfus foi enriquecedora, proporcionando um significativo aprendizado. Além de suas atividades laboratoriais, ela também contribuiu ministrando aulas em diversos cursos, como Biologia Geral, Higiene Escolar e Fundamentos Biológicos da Educação. Em 1951, ano em que ainda não havia mulheres catedráticas na USP, Rosina de Barros assumiu um papel crucial após a morte de Dreyfus, tornando-se primeira assistente do professor Pavan e, posteriormente, assumindo a cátedra em 1953.
Ciência & Cultura 75 anos
Criada em 1949 – meses após à fundação da SBPC – a revista é o mais antigo veículo de divulgação científica em circulação no Brasil. Ela nasceu visando a difundir o conhecimento científico e promover uma aproximação entre cientistas e o público, ser “aberta não apenas a cientistas, mas a todos os que se interessem pela ciência, por suas aplicações e pelas consequências destas”, conforme se lê na contracapa de sua primeira edição.
A revista Ciência & Cultura é um marco para a institucionalização da ciência no País, não sendo considerada “apenas” uma revista, mas um órgão da SBPC. Com edições temáticas, a revista une textos científicos, de opinião e de divulgação, e fala tanto para um público especializado quanto para o público em geral. Desta forma ela consegue mostrar perspectivas diferentes sobre diversos assuntos.
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