Com 75 anos de atividade, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) tem um desafio constante, que é lutar por políticas científicas que promovam o desenvolvimento social e econômico do País. Para a secretária-geral da entidade, Cláudia Linhares Sales, apesar da Ciência brasileira estar em alta no atual Governo Federal, é a articulação com sociedades científicas afiliadas que garante a força das demandas da academia ao longo das décadas e diferentes gestões.
“A SBPC tem mais de 40 assentos em diversos conselhos nacionais, estaduais e municipais, onde a entidade se manifesta ativamente sobre diferentes assuntos. Uma sociedade científica afiliada tem a oportunidade de integrar esses debates. Como muitas vezes nós já fizemos, procuramos especialistas de determinados assuntos entre as sociedades científicas afiliadas para ocupar esses assentos. Claro que a sociedade científica pode participar dos debates políticos de forma autônoma, mas essa é mais uma forma dela fortalecer e ser fortalecida nas grandes decisões das políticas científicas nacionais”, explica Sales.
Para se afiliar à SBPC, a sociedade científica deve acessar o site da entidade – http://portal.sbpcnet.org.br/ –, passar o mouse na aba “Afiliadas” e clicar em “Critérios para afiliação”. Uma página especial vai mostrar todo o passo a passo e a documentação necessária.
“Existem alguns critérios que são levados em conta para a afiliação de uma sociedade científica. Por exemplo, se ela conta com a renovação de sua Diretoria de tempos em tempos, se esse processo é feito de forma democrática e se a sociedade se articula para a realização de eventos. A entidade também precisa ter regimentos e/ou estatutos coerentes com os da SBPC. Posteriormente, a Diretoria da SBPC solicita pareceres de especialistas sobre a sociedade científica interessada. Não é um processo demorado, mas é um meio de garantir que entidades ativas e sérias integrem a nossa articulação”, complementa a secretária-geral.
Hoje, a SBPC conta com 143 sociedades afiliadas e, junto aos demais sócios, representa cerca de 100 mil cientistas e amigos da ciência. “A maioria das nossas pautas são de interesse direto das sociedades científicas, como, por exemplo, a briga por mais recursos para a Ciência, Tecnologia e Inovação e para a Educação. Ao se unirem à SBPC, as sociedades científicas fortalecem esse pleito ininterrupto. Porque, entra governo e sai governo, a quantidade de recursos destinada à Ciência Nacional continua insuficiente.”
Articulação democrática
As sociedades científicas também são incluídas em todo o calendário de ações da SBPC. Sejam elas políticas ou culturais, as entidades são continuamente convidadas a tomar parte nos projetos e iniciativas.
“Uma sociedade científica afiliada também participa muito diretamente das nossas grandes atividades. Por exemplo, ela pode indicar candidatas para serem condecoradas no Prêmio ‘Carolina Bori Ciência & Mulher’. A sociedade científica também pode sugerir atividades, como cursos ou mesas de debates, para as Reuniões Anuais da SBPC. Além disso, elas também participam dos nossos GTs, os grupos de trabalho, indicando especialistas e temas para serem discutidos. Bem como de manifestos e cartas que são encaminhados a autoridades sobre temas importantes do País. São diversos os mecanismos de interação.”
Para incentivar a atuação das sociedades científicas, a SBPC também mantém diferentes canais de informação. A entidade cobre os principais temas de política científica em seus veículos, como o Jornal da Ciência, o boletim JC Notícias, a revista Ciência & Cultura e o podcast “O Som da Ciência” – uma cobertura que é enviada para os contatos das sociedades afiliadas. Há, ainda, os boletins internos, como explica Sales:
“Nós fazemos um trabalho de mineração de notícias e decisões políticas e enviamos, quase que diariamente, as informações que são importantes do ponto de vista científico para todas as sociedades afiliadas. São análises do Diário Oficial e das agendas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. É uma forma da sociedade científica manter-se informada e acompanhar os desdobramentos de uma legislação que está sendo construída todos os dias, seja a favor ou contra a Ciência.”
Para a pesquisadora, a articulação em conjunto é essencial para que a comunidade científica siga atuante na política nacional. “Quando a SBPC fala em nome da sociedade brasileira, ela fala também em nome de suas sociedades afiliadas. A SBPC pede, inclusive, o engajamento e apoio delas, porque com todas se manifestando em conjunto, as questões têm muito mais eco. Juntos, representamos uma grande força da sociedade e devemos usar essa força para levar à frente os avanços que o Brasil precisa”, conclui.
Rafael Revadam – Jornal da Ciência