Cesar Lattes e os Institutos e Laboratórios Brasileiros

Além de grandes contribuições para a física, Lattes foi um líder científico que colaborou para a criação e o avanço de centros brasileiros fundamentais para a ciência atual. Confira reportagem da nova edição da Ciência & Cultura

WhatsApp Image 2024-03-13 at 9.20.56 AMA contribuição de Cesar Lattes para a física brasileira vai além de suas renomadas pesquisas e prêmios ao longo da carreira. Reconhecido por sua competência como pesquisador e sua paixão pela descoberta científica, Lattes também desempenhou um papel crucial na origem e avanço de diversos departamentos, institutos e laboratórios de pesquisa na área da Física no Brasil. Sua presença foi marcante desde a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) até o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), o Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW – Unicamp) e os Institutos de Física da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Isso é o que discute reportagem edição da Ciência & Cultura, que celebra o centenário de Cesar Lattes.

Ao utilizar sua fama conquistada pelos resultados de seu trabalho, Lattes canalizou recursos e construiu relações internacionais, tornando-se um símbolo do potencial brasileiro para a produção de ciência de excelência. Sua visão impulsionou a criação de um instituto dedicado à pesquisa fundamental em Física, o CBPF, em 1949. Como primeiro diretor científico da instituição, durante seis anos, Lattes foi peça fundamental na busca por infraestrutura, bolsas e estudantes qualificados.

O legado de Cesar Lattes estende-se até os dias atuais, com o CBPF sendo reconhecido como um instituto de excelência com colaborações científicas internacionais de destaque, incluindo o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN) na Suíça e o Laboratório Fermi (Fermilab) nos Estados Unidos. Além disso, o instituto incentivou a criação de outras importantes instituições científicas no Brasil, como o CNPq, o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS). “Lattes mostrou que o Brasil podia participar da pesquisa de ponta feita pelo mundo”, afirma Anna Maria Freire Endler, pesquisadora aposentada do CBPF.

Em sua passagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Lattes inspirou jovens físicos e colaborou para a formação de um laboratório de pesquisa fundamental em Física. Sua influência também foi sentida na Universidade de São Paulo (USP), onde montou um grupo de pesquisa sobre raios cósmicos, iniciando a Colaboração Brasil-Japão nesse campo. Posteriormente, ao se mudar para Campinas para lecionar na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Lattes fortaleceu ainda mais sua contribuição ao trazer consigo seu grupo de pesquisa e colaboração internacional com o Japão. No Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da universidade seu grupo de estudos continua ativo até hoje, com crescentes colaborações internacionais. “Ele soube usar da fama adquirida para ser uma referência e uma inspiração para os futuros físicos”, relembra Erasmo Ferreira, professor emérito do IF-UFRJ e um dos pioneiros da física de partículas no país.

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