O físico brasileiro Cesar Mansueto Giulio Lattes, mais conhecido como Cesar Lattes, deixou uma marca permanente na comunidade científica, na formação de pesquisadores e na valorização da física. Isso é o que discute artigo da nova edição da Ciência & Cultura, que celebra o centenário do físico brasileiro.
Em 1946, Lattes embarcou em uma jornada científica que o levaria à descoberta do méson pi. Enviado à Inglaterra por seu professor Giuseppe Occhialini para estudar raios cósmicos, Lattes propôs uma inovação: a inclusão de boro nas placas fotográficas para prolongar a exposição aos raios cósmicos. Essa decisão levou à observação detalhada das trajetórias das partículas, confirmando a existência do méson pi e elucidando a coesão entre prótons e nêutrons no núcleo atômico. A descoberta do méson pi não apenas solucionou questões fundamentais da física, mas também teve repercussões em áreas como a medicina nuclear e as tecnologias modernas. “A descoberta desta partícula subatômica é muito importante para entender as forças nucleares, além de ter ocasionado em um impacto gigante na comunidade científica global, especialmente na física de partículas que originou posteriormente muitas outras tecnologias, como a medicina nuclear utilizada no tratamento do câncer e a internet, por exemplo”, menciona Gabriela Bailas, PhD em física.
Além de sua influência na física global, Lattes foi fundamental para o fortalecimento da ciência brasileira. Em 1949, cofundou o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), uma das instituições de maior destaque no cenário científico nacional. Sua visão também deu origem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), impulsionando a pesquisa e formação de pesquisadores no Brasil. Ainda, a parceria Brasil-Japão, iniciada por Lattes em 1962, consolidou a pesquisa em raios cósmicos e inspirou gerações de cientistas brasileiros. “O projeto entre os dois países impulsionou e consolidou a pesquisa em raios cósmicos, uma das áreas na qual cientistas brasileiros fizeram muitas contribuições relevantes”, destaca Antonio Augusto Passos Videira, professor do Departamento de Filosofia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Mesmo após seu falecimento em 2005, aos 81 anos, o legado de Cesar Lattes continua vivo. Sua paixão pela pesquisa, dedicação à formação de novos cientistas e comprometimento com o desenvolvimento da física no Brasil são lembrados como exemplos de excelência e patriotismo. “Dentre suas características, Lattes era perspicaz, intuitivo, humilde, espirituoso, com sentimento de gratidão e acima de tudo um patriotismo. Podia ter feito carreira lá fora, teve várias propostas, mas preferiu voltar e contribuir para o fortalecimento da física no Brasil”, menciona Edison Shibuya, professor aposentado do instituto de física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
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