A efervescência da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

Artigo de Anderson S. L. Gomes, secretário geral adjunto da 5ª CNCTI; e Sergio Machado Rezende, secretário geral da 5ª CNCTI, especial para o Jornal da Ciência

WhatsApp Image 2024-04-18 at 11.17.41A 5ª CNCTI já começou! E está em plena efervescência. Depois da largada em 12 de julho de 2023, quando o Presidente da República assinou o decreto convocando a Conferência, e uma série de debates durante a 75ª Reunião Anual da SBPC em Curitiba no mês de julho, tiveram início os eventos prévios, constituídos de reuniões temáticas, conferências livres, conferências estaduais, municipais, e distrital de Brasília, e conferências regionais. A etapa nacional da 5ª CNCTI ocorrerá em Brasília de 4 a 6 de junho deste ano, com a abertura pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Quando comparamos quantitativamente o número de atividades da 4ª CNCTI, que ocorreu 14 anos atrás, em 2010, percebemos a grande participação da sociedade na conferência que se aproxima. Em 2010, foram 6 reuniões temáticas, cerca de 20 conferências estaduais, 5 regionais e algumas reuniões municipais. Para a 5ª CNCTI, mais de 200 atividades de CT&I estão ocorrendo no País: 18 reuniões temáticas, conferências estaduais em todos os 26 estados e no Distrito Federal, 5 reuniões regionais e, a grande novidade: mais de 146 conferências livres, cujos temas vêm de demanda espontânea da sociedade! São os desafios da sociedade colocados para que a ciência, a tecnologia e a inovação tragam as soluções. Todas as conferências até o presente foram realizadas de forma híbrida, ou seja, com participação presencial e remota, possibilitando que mais de 52 mil pessoas tenham participado já. Naturalmente, a grande maioria de forma remota. Quando consideramos os quatro eixos estratégicos que norteiam as ações de CT&I coordenadas pelo MCTI para o País (ver ilustração neste link), observamos que o eixo IV, que trata da CT&I para o desenvolvimento social, apresenta a maior parte das conferências livres.

O mapa mostra um fato muito relevante: atividades sobre CT&I relacionadas à 5ª CNCTI estão acontecendo, particularmente nos meses de março e abril, em todos os estados do País. Algo inédito, mostrando a importância de mão dupla da ciência: a sociedade vendo a ciência como uma realidade que pode transformar o País, e a ciência colocando-se a serviço da sociedade. Processo de escuta, por demais importante após um tempo de obscurantismo.

Os mais variados temas estão sendo discutidos: da inteligência artificial às tecnologias quânticas; dos biomas aos oceanos; das tecnologias sociais à economia solidária com base na ciência; da transição energética ao mundo do trabalho e a ciência; da ciência no combate à desinformação à ciência para a diversidade de gênero, cor e raça. E muito mais. Só no mês de abril, serão mais de 70 conferências livres. As informações sobre cada um desses eventos prévios, que já ocorreram ou irão ocorrer podem ser encontradas no site: 5cncti.org.br.

Passado o mês de abril, todo o material gravado e escrito por relatores será devidamente compilado (com apoio da IA e curadoria de vários relatores) para ter uma versão prévia no momento da 5ª CNCTI, e depois ser elaborado em forma final com as recomendações para uma Estratégia de CT&I para a próxima década. No entanto, não é o documento em si o fator mais importante. O que o Brasil precisa decidir e pôr em prática certamente já está delineado em documentos que instituições como a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a EMBRAPII (instituição vinculada ao MCTI) produziram em 2022.

Serviria claramente de ponto de partida para que o País tivesse, ou venha a ter, uma Política de Estado – ou uma política permanente – em ciência, tecnologia e inovação, com um “trajeto” (roadmap) para 2 ou 3 décadas, e uma estratégia que se renove a cada 10 anos, com um plano de ações a ser executado a cada 4-5 anos, permeando governos eleitos ou reeleitos, numa concertação incluindo o Congresso Nacional em prol da sociedade brasileira. Na China, foi a Academia Chinesa de Ciências – que é uma entidade diretamente vinculada ao Governo, diferente da ABC, aqui no Brasil, que é uma instituição independente, mas que tem a competência necessária para apoiar o governo federal numa empreitada desta magnitude – quem coordenou o plano de CT&I chinês.

Enfim, a ciência voltou! E voltou para contribuir para o Brasil retomar seu desenvolvimento econômico e social e seu papel de destaque no cenário global.

 

Anderson S. L. Gomes, Secretário Geral Adjunto da 5ª CNCTI

Sergio Machado Rezende, Secretário Geral da 5ª CNCTI