As tecnologias da comunicação e o mundo digital têm transformado profundamente a dinâmica da vida em sociedade, impactando tanto a divulgação científica quanto as manifestações culturais. Isso é o que discute último episódio do Ciência & Cultura Cast, que integra a nova edição da Ciência & Cultura, que comemora os 75 anos da revista. Uma das principais preocupações neste cenário é o fenômeno das fake news, que, segundo a estudiosa Lucia Santaella, pode ser considerada a praga da internet moderna.
“O que acontece, do meu ponto de vista, é que vivemos uma cultura, infelizmente, extremamente dicotômica, onde as pessoas se encontram em bolhas”, explica Lúcia Santaella, coordenadora da Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, Diretora do Centro de Investigação em Mídias na PUC-SP e presidente honorária da Federação Latino-Americana de Semiótica. Para ela, as mídias sociais acabam favorecendo essas bolhas, aproximando grupos com opiniões favoráveis e afastando aqueles com ideias contrárias – muitas vezes de forma violenta. “Isso sem que tenha a chance de examinar quais são as informações disponíveis para poder ter uma avaliação mais segura sobre onde estou, com o que eu vou concordar, e assim por diante”.
Nesse ambiente, as fake news encontraram campo fértil para crescerem. No Brasil, o auge dos debates sobre fake news ocorreu durante o processo eleitoral de 2018, quando ficou evidente que essas notícias falsas proliferam principalmente nas redes sociais, controladas por algoritmos de inteligência artificial. “Se o cidadão não está bem informado, ele vai acreditar naquilo que está grudado nas suas crenças”, alerta Lucia Santaella.
Para combater essa desinformação, é essencial promover a informação baseada na ciência. A ciência, diferentemente da arte e da literatura, oferece um conhecimento que penetra nos meandros mais íntimos da realidade física, química, biológica e social. É por meio de uma educação científica robusta que a sociedade pode desenvolver a capacidade de discernir entre fatos e ficções, fortalecendo a base para decisões políticas mais informadas e conscientes. “Preciso levar essa informação para a maior parte de pessoas possíveis, tentar fazer com que participem desse processo. A educação é crucial para lidar com essa nova realidade”, conclui.
Ouça ao episódio completo:
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Ciência & Cultura