Carolina Bori e o compromisso com a ciência e com a democracia

Reportagem da nova edição da Ciência & Cultura aborda como pesquisadora dedicou sua vida a formar cientistas e promover a ciência, participando, criando e gerenciando várias sociedades científicas

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Carolina Bori foi uma figura central na história da Psicologia e da ciência no Brasil. Ao longo de sua trajetória, ela participou, criou e presidiu diversas sociedades científicas. Isso é o que mostra reportagem da nova edição da Ciência & Cultura. O número especial celebra o centenário de Carolina Bori, que foi a primeira presidente mulher da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Um dos primeiros desafios institucionais de Carolina Bori foi a consolidação do curso de Psicologia no Brasil. Durante a reforma universitária dos anos 1960, ela lutou para a Psicologia ser reconhecida como uma ciência autônoma, desvinculada da Educação, Filosofia ou Medicina. “É a partir dos anos 1950 que começam os primeiros esforços para a autonomização da Psicologia no Brasil”, explica Gabriel Vieira Cândido, psicólogo e pesquisador da História da Psicologia, que estudou a trajetória de Carolina Bori em seu doutorado na USP.

Carolina Bori fundou a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia e a Associação de Docentes da USP. Criou e dirigiu o Departamento de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB). Foi presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) e da SBPC, onde teve um papel crucial na elaboração de propostas da comunidade científica para a Constituição Federal de 1988. A Constituição de 1988 foi a primeira a reconhecer explicitamente a importância estratégica da ciência e tecnologia para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil. “Acredito que Carolina Bori fez parte de uma comunidade de grandes nomes da ciência brasileira que tinham um programa para o país”, destaca Gloria Malavoglia, bióloga e idealizadora do Canal Ciência.

Além disso, Carolina Bori compreendia a importância da comunicação científica. Na década de 1980, ela idealizou um programa de bolsas do CNPq para pesquisadores atuarem na divulgação da ciência e estabeleceu parcerias com veículos de comunicação como a Rádio USP e a Rádio Cultura. Para apoiar o trabalho dos jornalistas, ela criou uma sala de imprensa e uma comissão de difusão científica na SBPC, que selecionava temas e pautas de interesse para a mídia. Mesmo após se aposentar, Carolina Bori manteve-se ativa. Entre 1994 e 1999, integrou a comissão de especialistas em ensino de psicologia, discutindo alternativas para a formação na área e contribuindo para a revisão das diretrizes curriculares.

Carolina Bori não apenas avançou a Psicologia Experimental, mas também transformou a ciência e a educação no Brasil. “Carolina foi uma personalidade política construída no trabalho pela ciência em seu aspecto mais amplo. Inspirada nos grandes modelos tinha uma forte convicção de que toda crítica tinha que ser estruturada sobre o conhecimento científico para ter validade, daí seu trabalho e dedicação para formar pessoas, formar cientistas”, conta Eda Teresinha de Oliveira Tassara, professora emérita do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP.

Leia a reportagem completa:

https://revistacienciaecultura.org.br/?p=6738

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