5ª CNCTI se encerra com participação de 110 mil pessoas

Coordenação vai compilar os debates e elaborar documento que subsidiará a próxima política científica brasileira; participações online seguem abertas até domingo (04/08)
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Foto: Luís Nova (ASCOM/MCTI)

Após três dias de programação intensa em Brasília e mais de 220 eventos preparatórios realizados de dezembro de 2023 a maio deste ano, a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI) se encerrou na quinta-feira (01/08) com recorde de participação e o desafio de compilar todas as questões apresentadas pela sociedade.

O objetivo do evento é subsidiar a próxima Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) e também o novo Plano Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação – para os organizadores, é necessário que o Governo Federal crie um planejamento que englobe os próximos dez anos, de 2024 a 2034.

Vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e uma das integrantes da comissão organizadora da 5ª CNCTI, Francilene Garcia iniciou as falas da cerimônia de encerramento apresentando o trabalho da Subcomissão de Sistematização e Documentação, que está sob sua coordenação.

“Na fase preparatória, nós tivemos mais de 220 eventos espalhados pelo País. Foi muito importante essa mobilização social. Com a ajuda da inteligência artificial, com a articulação humana, estruturamos dois e-books que reuniram a síntese dos debates preparatórios. Esses materiais estão disponíveis para download no site da 5ª Conferência e já foram muito bem utilizados e citados, porque aprofundaram discussões que se intensificaram aqui em Brasília”, ponderou.

Garcia destacou também a parceria com a plataforma Strateegia.digital, que possibilitou a participação das pessoas online, enviando perguntas e interagindo nos debates ao vivo.

“Assim como os debates em si, as opiniões online também serão compiladas pela inteligência artificial para integrarem o livro final que lançaremos em novembro com as diretrizes para a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e, como também esperamos, para um plano decenal de CT&I.”

A especialista ressaltou que as interações online seguem abertas até o próximo domingo (04/08). “Quem se interessar pode entrar no site da 5ª CNCTI, ir até a plataforma Strateegia e deixar as suas considerações nos debates realizados.”

Garcia também antecipou alguns dos temas que mais apareceram na programação realizada agora em Brasília. “Uma das temáticas que vimos bem presente nesses dias foi a questão da comunicação, popularização e divulgação da Ciência. É interessante, porque não é um tema que apareceu muito nos e-books, então a gente viu que os especialistas da área e as pessoas interessadas se empenharam fortemente para trazer a questão em muitos debates. E deu certo!”, destacou.

Outro tema presente foi sobre governança de dados. “Esse foi um assunto que apareceu bastante, primeiramente por conta do anúncio do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial e sua entrega ao presidente Lula na segunda-feira (30/07), mas também de uma preocupação com a segurança das informações, atrelada à Ciência Básica. Nos e-books sobre a programação preparatória, a Ciência Básica foi um tema bem presente e transversal, aparecendo em diversas conferências.”

O secretário-geral da 5ª CNCTI, Sergio Rezende, destacou a importância da realização da Conferência, 14 anos após a sua última edição.

“Eu não tenho muito a acrescentar após esses três dias intensos. Como foi realizado nas edições anteriores, nós chegamos a pensar em escrever uma Carta da 5ª CNCTI, mas percebemos que, no curto prazo, não conseguiríamos dimensionar a série de debates que ocorreram nesses dias”, comentou.

Rezende agradeceu os trabalhos de Francilene Garcia na Subcomissão de Sistematização e Documentação e ressaltou a importância de uma estratégia contínua em CT&I. “Esperamos que a 5ª CNCTI estimule o desenho da política científica dos próximos dez anos.”

Encerrando as falas da cerimônia, a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, apresentou números prévios da 5ª CNCTI.

Segundo a ministra, 100 mil pessoas, em formato presencial ou online, participaram da programação preparatória, realizada de dezembro de 2023 a maio de 2024.

Já na programação em Brasília, realizada nos dias 30 e 31 de julho e 1º de agosto, 5.300 pessoas estiveram presencialmente e outras 4 mil participaram de forma remota. “Esse grande número de participantes mostra que nós estamos virando a página do negacionismo científico no País”, celebrou.

A programação, que foi totalmente transmitida pelo canal do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) no YouTube, conta, até o momento, com 21 mil visualizações.

“O nosso papel na construção de uma política de CT&I parte do objetivo de querer tornar o Brasil um lugar melhor para se viver. Essa foi uma conferência aberta, que buscou a cooperação de todos que desejaram participar”, acrescentou Luciana Santos.

Ao todo, foram realizadas nessa semana 54 sessões de debate e 7 plenárias, que reuniram personalidades da comunidade científica e da política brasileira.

“Têm algumas frentes que já conseguimos identificar. Por exemplo, nós temos desafios de financiamento, como ampliar o escopo dos Fundos Setoriais do FNDCT (Fundo Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Temos que garantir que outras cadeias pujantes no Brasil tenham acesso a recursos”, avaliou a ministra.

Santos concluiu sua fala afirmando que o começo da nova política científica brasileira já foi desenhado com a entrega do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, mas reforçou que os trabalhos só estão começando:

“Vamos tirar um Plano Nacional de CT&I dessas colaborações coletivas. Esse é o Estado que eu acredito. Não é o Estado mínimo ou o Estado máximo, é o Estado necessário”, concluiu.

A cerimônia de encerramento da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação reuniu diferentes personalidades do setor. A SBPC foi representada no palco pelo presidente da entidade, Renato Janine Ribeiro, e por sua vice-presidente, Francilene Garcia.

Rafael Revadam – Jornal da Ciência