Indígenas não precisam morrer pelo direito à vida

“Clamamos pela presença do Estado diante da escalada da violência, para que seus agentes atuem com firmeza, sob o império da lei”, afirmam Dom Jaime Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; Dom Leonardo Steiner, presidente do Conselho Indigenista Missionário; Maria Victoria Benevides, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo — Comissão Arns; Helena Bonciani Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências; Patricia Vanzolini, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil-São Paulo; Renato Janine Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência; e Octávio Costa é presidente da Associação Brasileira de Imprensa, em artigo para O Globo

Juntamos aqui as nossas vozes num alerta à sociedade brasileira. É extremamente preocupante a escalada da violência contra os povos indígenas, verificada em boa parte dos estados onde estão presentes. Apesar de o atual governo ter criado o Ministério dos Povos Indígenas, implementado a fiscalização sobre seus territórios e gerado expectativas em relação à demarcação e regularização de suas terras, é impossível não notar a permanência de um clima de “terra sem lei” sobre diversas etnias, tristemente exemplificado nos recentes conflitos em Douradina (MS), contra os guaranis e caiouás.

Depois de muito resistir nos últimos anos, os indígenas no Brasil foram colocados no centro de uma situação não só de insegurança, mas de incongruência jurídica. Em setembro de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu seus direitos territoriais como cláusulas pétreas da Constituição, tornando sem efeito a tese do marco temporal. O Congresso Nacional reagiu para atacar esses mesmos direitos, aprovando a Lei 14.701 no apagar das luzes do mesmo ano. Submetido o tema aos mecanismos de controle da constitucionalidade, surpreendeu a iniciativa do ministro Gilmar Mendes, decano do STF, já em 2024, de promover uma “conciliação entre as partes” sobre questões relativas às terras indígenas, em vez de ratificar o que fora estabelecido pela Corte. É a partir dessa conjuntura que acompanhamos o aumento dos casos de violência.

Veja o texto na íntegra: O Globo

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