Após seis dias de atividades, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) encerrou, no último domingo (10/11), a sua participação na 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) no Museu da República, em Brasília. Explorando o tema do evento, “Biomas do Brasil”, a entidade criou um espaço para demonstração das características específicas de cada um destes biomas e conscientização do público.
Coordenadora do estande, a diretora da SBPC e professora da Universidade de Brasília (UnB), Laila Espindola, explica que um dos objetivos era falar sobre os biomas, suas belezas e potenciais, em um conjunto de atividades que mesclavam o lúdico com a conscientização.
Um dos exemplos foi uma ação que buscou apresentar os fungos que podem ser retirados de plantas e do solo. Um dos mais conhecidos, foi o Aspergillus, isolado do bolor do pão, e o Penicillium, que deu origem ao antibiótico penicilina e seus derivados. Esses fungos foram apresentados em placas de Petri e visualizados no microscópio, o que gerou curiosidade entre as crianças e adultos. “A descoberta do fungo através do microscópio encantou as diferentes gerações”, relata Espindola.
Ainda sobre elementos característicos das paisagens brasileiras, outro tópico foi a conscientização sobre saúde pública. A atividade teve como objetivo estimular a participação e responsabilidade da sociedade no controle do mosquito Aedes aegypti. Para esta ação foram levados 2 microscópios e as 4 fases do ciclo de vida do inseto: ovos, larvas (em seus 4 estádios), pupa e o inseto adulto. Essa ação contou com a participação particular de Ismael Adriano, da equipe do Laboratório de Farmacognosia-UnB, que literalmente vestiu a camisa de seu grupo de pesquisa, se caracterizando como o mosquito fêmea, vetor responsável pela picada e transmissão das arboviroses, como dengue, Zika, chikungunya, febre amarela urbana, dentre outras.
Espindola registra que só foi possível atender as milhares de pessoas por dia no estande SBPC na SNCT graças à participação dos jovens professores, ICs e pós-graduandos do Laboratório de Farmacognosia-UnB, sob sua coordenação, e ainda os estudantes da graduação em Farmácia, que atualmente fazem a disciplina Farmacognosia. “Foi surpreendente ver o interesse de tantos jovens em transmitir ciência para a sociedade, e o talento revelado de vários deles para a comunicação científica”, relata Espindola.
A estudante de iniciação científica, Fabiana Almada integrou a atividade e disse como “foi gratificante ver no olhar das crianças toda a admiração que elas tinham por descobrir coisas novas.” Almada afirma que pôde ver, no evento, a importância de manter um elo com a sociedade. “Eu acho que é muito importante a gente, como estudante, não perder essa conexão com o ensino e a extensão, demonstrar as coisas de uma forma mais acessível, mostrar como algo está presente no dia a dia, na realidade das pessoas. As crianças, particularmente, ficam muito entretidas. Por exemplo, a gente tinha uma atividade de plantar sementes de girassol, símbolo das deficiências ocultas, como o autismo, e elas sempre se encantaram muito, elas queriam absorver ao máximo o que estava sendo dito nas atividades.”
A estudante acrescenta a força que tem a influência do cientista que busca essa articulação para além da produção científica. “Eu fui criança não há muito tempo e eu sei como que o incentivo é importante, acho que a divulgação científica é essencial para ser feita com os adolescentes e com os adultos também, explicar o que a gente está fazendo, que o ensino da universidade é para todos, afinal, a gente está trabalhando em prol da sociedade.”
Para a coordenadora do espaço, Laila Espindola, a participação na 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) foi um movimento pela difusão e pelo despertar de novos cientistas.
“Eu posso resumir esses dias em uma palavra: esperança. Como é bom poder usar essa palavra e viver esse sentimento nos dias atuais. Recebemos visitantes de todas as gerações. Curiosidade, inteligência e desejo de conhecimento, descreve o ambiente do estande SBPC na SNCT. A parede decorada com os cartazes dos eventos realizados pela SBPC e o material diversificado, enviado para distribuição, permitiu que as diferentes gerações se identificassem com suas origens. As crianças se divertiram colorindo imagens de plantas e animais dos diferentes biomas brasileiros. O carimbo recebido no ‘Passaporte da SNCT’ foi personalizado com um girassol, desenhado por nós ou pelos próprios visitantes, onde assinávamos ‘SBPC SNCT 2024’. Eu estou muito feliz, porque isso traduz o que é a SBPC”, concluiu Espindola.
Rafael Revadam – Jornal da Ciência