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Uma mulher discreta, que nunca buscou chamar a atenção para si mesma, mas que se destacou com seu compromisso inabalável com o desenvolvimento científico e cultural do Brasil. Assim era Carolina Bori, segundo seu biógrafo, o psicólogo com pós-graduação em História da Psicologia, Gabriel Vieira Cândido, que lançou nesta terça-feira o livro “Carolina Bori – Psicologia, Educação e Política Científica”, pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O lançamento ocorreu no dia 11 de fevereiro, durante a cerimônia de entrega do 6º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”, nesta edição dedicado às “Meninas na Ciência”.
Na apresentação, Cândido falou de como se interessou pela personagem como tema de pesquisa. Ainda estudante da graduação em psicologia, ele a conheceu em um evento, dois meses antes dela falecer em 2004. “Esbarrei com ela em diversos momentos da minha formação, até que passei a estudá-la de uma forma mais cuidadosa. Desde então, minha admiração por ela só cresceu. Cada nova história que descobria sobre ela, me empolgava ainda mais. Como psicólogo de formação, me surpreendia o quanto seu nome surgia em diferentes momentos e contextos”, contou.
Nascida em 1924 em São Paulo, Carolina Bori frequentou o curso de Pedagogia da Universidade de São Paulo no início da década de 1940, se formando em 1947 – e foi nesse curso que encontrou sua paixão, a Psicologia. Em 1987, Bori foi eleita a primeira presidente mulher da SBPC, cargo que ocupou até o ano de 1989. Durante seu mandato, marcou a posição da SBPC na construção da atual Constituição Federal, promulgada em 1988.
O biógrafo exaltou o contexto do lançamento do livro, a premiação “Meninas na Ciência”, já que a cientista se destacou como pioneira nos espaços da ciência sempre dominados pelos homens. “Lançar esse livro na ocasião do seu centenário – ano passado comemoramos o aniversário do centenário da professora Carolina Bori -, em um espaço dedicado a celebrar a presença de meninas e mulheres na ciência é mais do que simbólico, é um gesto de continuidade. É manter abertas as portas que Carolina Bori abriu com tanta dedicação ao longo de sua vida”, declarou.
Para Francilene Procópio Garcia, vice-presidente da SBPC, Carolina Bori trouxe o olhar feminino na gestão e na liderança da SBPC, mas também nos temas de pesquisa que ela liderava, para os quais trouxe importante conhecimento que gerou e inspirou as novas gerações.
“Carolina não só nos deixa uma trajetória de dedicação, de resiliência, de persistência nos temas que ela trazia para a sociedade local e internacional, mas mais do que isso, trouxe a importância de que esse ato combativo, no bom sentido, de que a gente possa sempre estar persistindo nos avanços das políticas públicas em prol da ciência, sempre tem o seu espaço e esse espaço, sempre cada vez mais plural, diverso, inclusivo, especialmente quando a gente tem que combater situações como as que a gente vivenciou no passado recente no país e agora no mundo”, comentou Garcia.
Janes Rocha – Jornal da Ciência