Sem Niède, parque já teria morrido, diz presidente da SBPC no Piauí

A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, afirmou nesta segunda-feira (18) que o Parque Nacional da Serra da Capivara já teria morrido se não fosse a luta da arqueóloga Niède Guidon. Em entrevista ao G1, a professora doutora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) disse que os governantes e a sociedade civil são omissos com o patrimônio histórico do país.
Pesquisadora fez duras críticas ao governo e também culpou a sociedade.Evento científico em São Raimundo Nonato vai discutir situação do parque
A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, afirmou nesta segunda-feira (18) que o Parque Nacional da Serra da Capivara já teria morrido se não fosse a luta da arqueóloga Niède Guidon. Em entrevista ao G1, a professora doutora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) disse que os governantes e a sociedade civil são omissos com o patrimônio histórico do país.
“Quem é que está se matando lá? Tem uma pessoa que se chama Niède Guidon e alguns que trabalham com ela. O parque já teria morrido se não fosse o esforço próprio dela. Ela não tem mais 20 anos de idade, tem problemas de saúde e mesmo assim continua lutando, porque ela acredita. O risco é que qualquer coisa que fica personalizada tem uma tendência a desaparecer”, falou.
A pesquisadora fez duras críticas à falta de atenção dada pelos órgãos governamentais e também culpou a sociedade por não valorizar as riquezas históricas do parque, que é declarado patrimônio histórico da humanidade pela Unesco.
Segundo ela, se houvesse apoio e investimentos, o turismo poderia se transformar num vetor de desenvolvimento para a região de São Raimundo Nonato.
“As autoridades brasileiras e o povo brasileiro não valorizam a história. As autoridades são reflexo do povo e o povo desse país não valoriza sua própria história. Lá [em São Raimundo Nonato] tem um aeroporto com uma pista grande, considerado internacional e não tem voo. O turismo é um fonte de renda que o Brasil ainda não se apropriou”, disse.
A pesquisadora Helena Nader defende ainda que o parque não deveria ficar apenas centralizado na gestão do Ministério do Ambiente Ambiente. Segundo ela, a unidade de conservação também teria que estar associada a outros ministérios, o que contribuiria para ampliar a capacidade de desenvolvimento e englobaria outros segmentos como o os da ciência, da pesquisa e do desenvolvimento econômico trazido pelo turismo.
“O parque pertence ao Ministério do Meio Ambiente e eu acho que até isso precisa ser revisto. Esse parque, na minha visão, teria que ser supra, pois também teria que estar ali o Ministério da Educação, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação, o Ministério da Cultura, o Ministério do Turismo e até o Ministério da Indústria, Comércio e Relações Exteriores. O parque vai além do Meio Ambiente”, sugeriu.
Ela também comentou sobre os problemas de saneamento enfrentado pela cidade de São Raimundo Nonato e falou da carência de estrutura na rede hoteleira do município. “Tudo isso é possível mudar se você tiver um projeto de estado. Se você focar, em cinco anos tem isso tudo pronto. Não fizeram para uma Copa do Mundo? Não estão fazendo para as Olimpíadas? Basta determinação”, concluiu.

Evento
A presidente da SBPC e outros pesquisadores estão no Piauí para participarem de um evento que acontece entre os dias 20 e 23 de abril na cidade de São Raimundo Nonato. A reunião regional da entidade, que ocorre pela primeira vez no Piauí, tem como objetivo popularizar e valorizar a produção científica nacional e discutir as problemáticas do Parque Nacional da Serra da Capivara e chamar a atenção para a preservação do local.
A abertura do encontro será realizada na quarta-feira (20) no auditório da Fundação Museu do Homem Americano (Fundham). As demais atividades ocorrerão no campus da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), que também é parceira da SBPC na realização do evento.