Cidades e Sustentabilidade

Artigo da nova edição da Ciência & Cultura debate a relevância do ambiente urbano no futuro da agenda climática

WhatsApp Image 2025-09-30 at 09.26.42A sustentabilidade tornou-se um dos grandes eixos de debate global, marcada pelas crises da biodiversidade e do clima. Historicamente, a centralidade dessas questões foi associada às florestas e áreas de produção industrial, vistas como os principais focos de pressão ambiental. No entanto, cresce o reconhecimento de que as cidades também são parte essencial desse cenário: não apenas concentram os impactos da degradação, como também podem oferecer caminhos concretos para soluções. Afinal, os centros urbanos reúnem população, capital e poder político em escalas capazes de transformar estratégias ambientais em políticas efetivas. Isso é o que discute artigo da nova edição da Ciência & Cultura, que tem como tema “Cidades e Meio Ambiente”.

A trajetória histórica ajuda a explicar essa mudança de perspectiva. Desde o Tratado de Westfália, em 1648, os Estados nacionais se consolidaram como atores centrais da política internacional, relegando as cidades-estados e pequenos principados a um papel secundário. A industrialização dos séculos XIX e XX, porém, levou ao crescimento acelerado das cidades e à sua transformação em polos de poder econômico e político. Na América Latina, esse processo se intensificou, tornando o continente o mais urbanizado do mundo no final do século XX. Esse movimento urbano, embora tenha impulsionado a degradação ambiental, também reposicionou as cidades como espaços estratégicos para lidar com emergências climáticas e perda de biodiversidade.

A década de 1990 marcou um ponto de virada nesse processo. Com o fim da Guerra Fria e a diminuição das tensões geopolíticas, a pauta ambiental ganhou espaço nas negociações internacionais. A Rio 92 foi um marco nesse sentido, ao reconhecer governos locais e regionais como atores relevantes nas discussões sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Desde então, organizações como o ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade e a rede C40 passaram a mobilizar cidades em escala global, tanto no campo político quanto na implementação de projetos voltados à mitigação e adaptação às mudanças climáticas. “As cidades não são apenas vítimas da crise climática: são também parte da solução”, explicam Rodrigo Corradi, diretor do escritório ICLEI Brasil (Governos Locais pela Sustentabilidade), e Pedro Jacobi, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da USP.

Apesar desse avanço, a presença das cidades na agenda internacional de sustentabilidade ainda enfrenta limitações. Nas últimas três décadas, a prioridade global foi constantemente redirecionada por crises como terrorismo, instabilidade econômica e conflitos armados, o que reduziu o espaço de ação para políticas ambientais estruturantes. Além disso, persiste a dificuldade de compreender plenamente a centralidade dos centros urbanos no enfrentamento da perda de biodiversidade e da emergência climática. “Governar as crises ambientais exige transformar cidades em espaços de inovação, adaptação e justiça socioambiental”, afirmam os pesquisadores.

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