Sair da mesmice é mais fácil do que se imagina em Manaus, pois sobram locais únicos para atiçar a curiosidade dos adultos e da garotada
Época de férias e a garotada já tem uma programação em mente: dormir até tarde, assistir TV, jogar videogame e ir ao shopping. Mas quem disse que esse tempo não pode ser aproveitado com atividades diferentes, fora de quatro paredes? Sair da mesmice é mais fácil do que se imagina, pois sobram locais únicos para atiçar a curiosidade de grandes e pequenos.
Para aqueles que querem fugir do concreto, mas sem sair de Manaus, a sugestão é conhecer o Jardim Botânico da Reserva Adolpho Ducke. “O museu é o lugar das perguntas, as crianças levam os pais, se sentem à vontade para brincar de perguntar”, afirma o diretor geral do Museu da Amazônia (Musa), Ennio Candotti, 73.
Segundo o também vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), os visitantes têm acesso a instrumentos — lupas, microscópios e micro câmeras — para sair da posição de observador, adentrar a floresta e conhecer um verdadeiro “museu vivo”. “É como um teatro, onde árvores, formigas, borboletas são os personagens da história”, diz.
Outro destaque é a exposição “Peixes, sapos e musgos”, que aborda o universo dos animais e plantas que vivem entre os ambientes aquáticos e terrestres da Amazônia. Além de aquários, o acervo tem painéis e totens informativos, uma instalação de cubos que mostra a diversidade dos anfíbios, o “Jogo do Cururu” e réplicas de muiraquitãs.
“A ‘viagem’ em um museu fascina, encanta. É um mundo novo que você visita e, ao sair, se dá conta que, o que você viu também está lá fora. É o teu olhar que muda quando você atravessa a porta do museu”, declara o italiano. “Bom museu é aquele que é proibido não mexer. Museu que não pode mexer não é museu; é peça de museu”, completa.
Assim, a primeira dica do dirigente para os pais é: leve em conta o que as crianças querem/gostam e deixe-as livres para perguntar. “É proibido não perguntar, deve-se atiçar a curiosidade, incentivá-las a questionar. ‘Como as formigas chamam as outras formigas para pegar a migalha de pão?’ Cada detalhe as fascina”, ressalta Ennio Candotti.
Imaginação
Criado há seis anos, o Musa ocupa 100 hectares da reserva, uma área de floresta de terra firme nativa estudada há mais de 30 anos. Os resultados das pesquisas, reunidos em catálogos, são o ponto de partida do acervo. As trilhas e a torre de observação, além de exposições temáticas surpreendem visitantes de todas as idades.
“A caminhada por uma trilha do Musa, no Jardim Botânico, te leva a conversar com os grilos, os bichos-folha, os cupins e os pássaros. Eles te entendem? Você os entende? O que eles te dizem? O que você diz para eles? Os bichos veem a mesma coisa que eu vejo? O que é que eles veem? Esta é a história encantada que você imagina escrever”, filosofa o diretor.
É exatamente esses pensamentos ilimitados que gosta de observar nos jovens exploradores. “Ouvi Pedro dizer: ‘as árvores, uma ao lado da outra, fazem um mar de floresta. Eu nunca vi o mar’. ‘Feche os olhos pense nas árvores feitas de água da chuva’, respondi. ‘Quero morar na torre’, concluiu o menino”, diz ao lembrar o diálogo com um visitante de oito anos.
Sem limites
Entretanto, Ennio Candotti ressalta que a arte pode ser encontrada nos mais diversos lugares, fora de museus e centros de entretenimento. Mesmo nas caminhadas diárias, pode-se procurar arte na arquitetura, “tesouros” na casa dos parentes, histórias de família. Isso pode transformar o significado que o “ir para o museu” tem para a criança.
“Precisamos criar um clima. Tem a rua, a nossa casa, a mala cheia de fotos e cartas da avó. Tudo é um museu, depende do olhar. Qualquer coisa que não é de hoje é uma peça de museu imaginário para cada um”, ressalta. “Pode ser uma televisão em preto e branco, uma roupa de outra década, coisas que eram moda”, enfatiza.
Incentivo
Uma das atrações mais disputadas nas excursões, a torre no meio da floresta tem 40 metros de altura e recebe centenas de visitantes por dia. A nova perspectiva deixa o passeio diferente e interativo. “É uma floresta de 10 mil anos. É como um filme ao vivo”, opina Cadotti.
De acordo com o diretor do Museu da Amazônia, a melhor forma de os pais incentivarem os filhos a gostar de programações culturais, fora da rotina “massante” da vida urbana, é dar o exemplo. “Não basta tentar convencer. Depende muito dos pais. Criança gosta de ir ao shopping, porque os pais gostam”, afirma enfático.
Serviço
O que Museu da Amazônia/ Jardim Botânico
Onde avenida Margarita, s/n, Cidade de Deus, Zona Leste
Horário Terça a domingo, das 9h às 17h
Entrada* Quarta a sexta R$ 4 (meia); Sábado, domingo e feriados R$ 5 (meia); terça-feira é gratuita.
Subida na torre* Terça R$ 8 (meia); Quarta a sexta R$ 12 (meia); Sábado, domingo e feriados R$ 15 (meia)
Info 3582-3188 ou www.museuda-amazonia.org.br *
Meia-entrada somente para participantes do programa “Nosso Musa”, estudantes e idosos brasileiros.
Entrada gratuita para crianças até 5 anos.