Para dar suporte às atividades de educação continuada e pesquisa na área de Micologia Médica no Brasil, será lançado no país no próximo dia 18 de novembro, a seção brasileira do “Global Action Fund for Fungal Infections” (GAFFI- www.gaffi.org). O evento acontecerá, às 10h30, no anfiteatro Leitão da Cunha da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com a presença de lideranças da comunidade científica do país, além de diversas sociedades médicas. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos, que está se instalando no Brasil, onde desenvolverá ações semelhantes às que realiza em vários outros países.
A organização trabalhará em estreito contato com a “Leading International Fungal Education” (LIFE- www.life-worldwide.org), entidade que reúne grupo de consultores internacionais, todos especialistas e pesquisadores em Micologia Médica, cujo trabalho é dedicado à produção de conhecimento na área e aprimoramento do atendimento de pacientes com micoses endêmicas e oportunistas. “A principal missão desta entidade é captar recursos a serem aplicados em ações que contribuam para reduzir o número de doenças e mortes relacionadas a infecções fúngicas invasivas”, explica professor titular de Infectologia da Unifesp, Arnaldo Lopes Colombo.
De acordo com ele, a ideia da fundação é trabalhar não apenas para ampliar programas de educação continuada na área, mas sobretudo colaborar com agências e entidades nacionais e internacionais para que boas práticas diagnósticas e terapêuticas sejam universalizadas no atendimento de pacientes com infecções fúngicas. Para Colombo, este lançamento no Brasil é muito importante, porque está justamente fortalecendo esta iniciativa em um país que tem um modelo de atendimento universal e a saúde é custeada pelo Estado. Ele está se referindo ao Sistema único de Saúde (SUS), que atende milhares de pacientes sob risco de desenvolvimento ou já com infecções fúngicas em progressão, mas onde parcela substancial destes pacientes não tem acesso às melhores práticas diagnósticas e terapêuticas para micoses.
Da mesma forma, diz Colombo, não há dúvida que o Brasil hoje representa grande liderança econômica, política e científica na América Latina, sendo fundamental a participação ativa de sua comunidade para o êxito desta iniciativa na região. “Doenças fúngicas invasivas causam cerca de 1,3 milhão de mortes por ano em todo o mundo”, informa Colombo. “Apesar disso, até hoje não há nenhum programa específico da Organização Mundial da Saúde (OMS) voltado a melhorar o diagnóstico e tratamento destas doenças em diferentes países.”
De modo geral, exceto pelas iniciativas dos Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos, nenhum outro país tem realizado programas específicos de vigilância epidemiológica de micoses invasivas, que tenham resultado em divulgação ampla do problema para a sociedade, gerando informações importantes para a melhoria das políticas de saúde para o setor. “Neste contexto, sentimos falta de uma entidade que organize a comunidade acadêmica e a sociedade no sentido de alertar sobre a importância destas micoses na medicina contemporânea, aspecto este que vem sendo negligenciado em todo mundo”, diz Colombo.
Projeto
Além de São Paulo, o GAFFI também teve lançamento este mês em Londres, na Casa do Parlamento, e na New York Academy of Sciences, em Nova York. Segundo o professor Colombo, São Paulo foi escolhida por três aspectos: por ser um importante centro cultural e financeiro no Brasil e da América Latina, concentrando grande número de lideranças científicas na área de ciências da saúde, e também especificamente em Micologia Médica; porque sua numerosa população concentra um número muito expressivo de indivíduos sob risco e com diagnóstico confirmado de micoses invasivas; e pelo reconhecimento internacional do trabalho dos pesquisadores da Unifesp. “Não podemos deixar de falar que os pesquisadores da Unifesp, junto a nossos parceiros, têm contribuído de forma substancial para o aprimoramento do conhecimento de diferentes aspectos da história natural de infecções fúngicas invasivas, assim como para o desenvolvimento de novas estratégias diagnósticas e terapêuticas”, disse.
No Brasil, o evento será realizado na Escola Paulista de Medicina, contando com a presença dos gestores da Escola Paulista de Medicina e Unifesp, como Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), José Osmar Medina, vice-presidente da Academia Brasileira de Medicina, José Luiz Gomes do Amaral, ex-presidente da Organização Mundial dos Médicos e representantes da Academia Brasileia de Ciência (ABC).
Durante o lançamento será apresentado o escopo de trabalho do GAFFI, bem como alguns dados sobre a epidemiologia de infecções fúngicas e seu impacto no Brasil.
(Vivian Costa)