A arte de pesquisar

O telefone celular. O medicamento revolucionário. O esmalte de longa duração. O tablet. O copo plástico. O aparelho de respiração. Para que você, leitor, possa ter acesso a cada um destes itens, cientistas passaram décadas estudando fórmulas, testando componentes químicos e unindo descobertas de várias pesquisas. O consumidor final pode até não enxergar, mas a investigação científica está presente no cotidiano. E a pesquisa é um dos três pilares do ensino superior - geradora dos conhecimentos que serão utilizados nas salas de aula ou em programas de extensão.
Pesquisa, extensão e ensino são os três pilares da universidade. Unidos, formam um mundo de possibilidades para estudantes, professores, poder público, indústrias e comunidade
O telefone celular. O medicamento revolucionário. O esmalte de longa duração. O tablet. O copo plástico. O aparelho de respiração. Para que você, leitor, possa ter acesso a cada um destes itens, cientistas passaram décadas estudando fórmulas, testando componentes químicos e unindo descobertas de várias pesquisas. O consumidor final pode até não enxergar, mas a investigação científica está presente no cotidiano. E a pesquisa é um dos três pilares do ensino superior – geradora dos conhecimentos que serão utilizados nas salas de aula ou em programas de extensão.
Desenvolvimento de novos produtos e serviços – passo decisivo para a competitividade das universidades e das indústrias – entretanto, esbarra em empecilhos. No Brasil, pesquisadores ainda necessitam desdobrar recursos financeiros e estão reféns de passos burocráticos, que acabam atrasando procedimentos básicos para realização das descobertas. Além disso, professores universitários que realizam pesquisas em programas de pós-graduação convivem com todas as responsabilidades inerentes do ensino – corrigir atividades, orientar trabalhos, dar aulas.
Conforme explica José Antônio Aleixo, diretor da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), como as universidades – em geral – não possuem fundos para financiar as pesquisas, existe a necessidade de obter verbas em instituições de fomento – isto exige a formulação de projetos, submissão a um órgão financiador e processo de concorrência com outros pesquisadores.
Mas as dificuldades não estão restritas ao início das pesquisas. Há relatos de pesquisadores que perderam material retido na alfândega, que precisaram desistir ou mudar os rumos do experimento devido à demora em receber produtos encomendados – reflete o presidente da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Francisco de Sá Barreto. “Há aquelas que precisam de autorização de alguma agência nacional ou órgão estadual e de pareceres positivos de comitês de ética, dependendo da área da pesquisa”, pontua Barreto.
Nos programas de pós-graduação – entidades que concentram os pesquisadores brasileiros -, saber superar as dificuldades é condição para para avançar nos rankings internacionais, para descobrir novos fármacos e novos produtos. Segundo Dárcio Ítalo Teixeira, coordenador do programa em Ciências Veterinárias da Universidade Estadual do Ceará (Uece), os cientistas gastam cerca de 80% do tempo em procedimentos burocráticos – como captação de recursos, inscrições em editais e liberação de equipamentos comprados. “Infelizmente, não conseguimos dissociar a pesquisa da burocracia”, lamenta.
O Ciência & Saúde inicia uma série de cadernos sobre os pilares do ensino superior: ensino, pesquisa e extensão. Hoje, mostramos as principais dificuldades de pesquisadores brasileiros no desenvolvimento de ciência de ponta e os caminhos que levam à formação de novos cientistas. Nos próximos dois domingos, vamos falar sobre extensão e ensino.