Cresce número de estrangeiros com bolsas de estudos em universidades brasileiras

Em 2009, pouco menos de 2.000 bolsas da Capes e do CNPq, principais agências de fomento à pesquisa no país, foram destinadas a estrangeiros. O volume correspondia a 1,74% do total de benefícios oferecidos naquele ano. Em 2014, o número mais do que dobrou, chegando a 5.100. Apesar do salto, especialistas ponderam que a presença no Brasil de docentes e alunos de outras nacionalidades ainda é tímida. "Houve um esforço de internacionalizar a ciência brasileira, mas isso não acontece da noite para o dia", diz Helena Nader, presidente da SBPC.

Em 2009, pouco menos de 2.000 bolsas da Capes e do CNPq, principais agências de fomento à pesquisa no país, foram destinadas a estrangeiros. O volume correspondia a 1,74% do total de benefícios oferecidos naquele ano. 


Em 2014, o número mais do que dobrou, chegando a 5.100. Apesar do salto, especialistas ponderam que a presença no Brasil de docentes e alunos de outras nacionalidades ainda é tímida. 


“Houve um esforço de internacionalizar a ciência brasileira, mas isso não acontece da noite para o dia”, diz Helena Nader, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).


Não há estimativas oficiais sobre o total de estudantes estrangeiros em pós-graduação no país. Entre alunos de graduação, os números têm oscilado: em 2013, dado mais recente, eram 12,7 mil matrículas, número ligeiramente superior ao registrado em 2010 (12,4 mil). 


Investir nessa etapa foi justamente uma das ações adotada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) para aumentar o intercâmbio. “Eles são alunos em potencial para a pós”, destaca a vice-reitora, Sandra Goulart Almeida.


O incentivo à oferta de cursos em inglês e a parcerias com instituições estrangeiras também ajudaram a atrair estrangeiros. Em 2010, 41 alunos de outras nacionalidades ingressaram na universidade. Em 2014, foram 112. 
A presidente da SBPC aponta dois principais fatores para as estatísticas nacionais: a barreira da língua e a pouca divulgação internacional do que é produzido pelo país. “Você só pode querer aquilo que conhece e se não há uma presença maciça no exterior, fica difícil.” 


Atualmente, o Brasil investe de forma mais expressiva em parcerias com países da América Latina e África, a exemplo do PEC-PG, programa destinado a estudantes de países em desenvolvimento. 
No ano passado, alunos de Argentina, Colômbia, Cuba, Uruguai e França foram os mais recorrentes entre os bolsistas da Capes. Áreas da medicina e biodiversidade são apontadas como de maior interesse do público externo. 


“É preciso entender isso como uma estratégia colaborativa, necessária para o fortalecimento da pesquisa nesses países”, afirma Marlize Rubin-Oliveira, professora de pós-graduação em Desenvolvimento Regional da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná). 


Para ela, fatores como financiamento restrito e burocracia para importação de materiais de pesquisa também dificultam atração de estrangeiros. Os benefícios dessa parceria, no entanto, são incontestáveis, afirmam pesquisadores. “Os impactos na produção do conhecimento são visíveis. Isso traz a possibilidade de mais qualificação nos processos de pesquisa em todas as áreas”, diz Vânia Maria Alves, coordenadora do curso de pedagogia do Instituto Federal do Paraná.