Produzir patente exige menos conhecimento e trabalho do que elaborar um artigo científico, destaca gestor
Diante de uma descoberta científica que pode gerar um novo produto ou processo, muitos pesquisadores brasileiros têm dúvida se devem primeiro patenteá-la ou publicar um artigo a respeito. Para o diretor de Cooperação Institucional do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), Paulo Sérgio Beirão, a resposta é clara: “Faça a patente antes da publicação”.
Foi o que afirmou ele na conferência “Publicações ou patentes: um falso dilema da ciência no Brasil”, nesta quinta-feira (24), na Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco.
“Para produzir patente não é preciso saber o porquê, é preciso saber que tal fato acontece. Isso exige menos conhecimento e trabalho do que produzir um artigo científico”, explicou, na 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que segue até domingo (27).
O problema, segundo Beirão, é que nas universidades brasileiras poucos pesquisadores sabem como solicitar patentes. “O assunto surge constantemente na mídia como se houvesse dilema entre publicar e ou patentear”, disse.
Para ele, mesmo com o progresso da ciência brasileira nos últimos anos, que dobrou o número de pesquisadores que publicam artigos, o crescimento do número de patentes brasileiras no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) ainda é pequeno. “Mesmo duplicando o número de pesquisadores ainda somos menores do que a média mundial”, afirmou.
Diferentemente dos Estados Unidos, onde mais de 96% das patentes se originam fora do setor universitário, os bolsistas do CNPq fornecem parcela substancial da produção de patentes no Brasil, acrescentou o palestrante. “Eles contribuem com quase 40% dessa produção”, observou.