Uma nova carteira de projetos,
maior participação industrial e domínio de tecnologias críticas são as
principais características e objetivos do novo Programa Nacional de
Atividades Espaciais (PNAE), apresentado ontem (24), na 64ª Reunião Anual da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece em São
Luís, no Maranhão, até sexta-feira (27).
Quem falou sobre as mudanças foi
o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga
Coelho, durante sua conferência O Programa Espacial Brasileiro para o
Desenvolvimento Sustentável. Dirigindo-se a um público predominantemente
composto por jovens universitários, ele fez uma apresentação didática do
PNAE.
Coelho explicou por que é
importante para um país das dimensões do Brasil ter um programa espacial.
“A política espacial brasileira atende a demandas concretas do País e da
sociedade”, disse. “Entre elas, podemos citar a prevenção e alerta
de desastres, a estratégia nacional de defesa, o monitoramento ambiental e a
segurança alimentar e hídrica.” O presidente da AEB também ressaltou os
aspectos tecnológicos de um programa espacial. Segundo ele, desenvolver
tecnologia nessa área significa progresso em todas as outras. “Ela é
fundamental para o avanço da própria ciência e das outras tecnologias”,
disse. “A complexidade tecnológica da atividade aeroespacial é a segunda
no ranking da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE)”, contou Coelho. “Ela só perde para a farmacêutica.”
Em relação às mudanças no PNAE,
o presidente da AEB destacou a maior participação da iniciativa privada nas
atividades espaciais. Para isso foi criada uma Empresa Industrial Nacional,
mista entre governo e setor privado, chamada Visiona, que será a encarregada
de fabricar os satélites e equipamentos de solo, e assinar contratos para
isso com outras empresas, nacionais ou internacionais. A Visiona também
contratará as companhias para os lançamentos dos satélites. Acima dela na
estrutura do novo PNAE está o Escritório de Projetos (EP), constituído pela
Telebrás, Ministério da Defesa, AEB e Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe). Os dois primeiros também fazem parte da instância máxima do
novo PNAE, que é o Comitê Diretor de Projeto (CDP), composto ainda pelos
ministérios das Comunicações e da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Quanto à nova carteira de
projeto, está previsto o lançamento de 12 novos satélites até 2019. O
primeiro deles, o Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres 3 (Cbers,
na sigla em inglês), que na verdade é o quarto dessa série produzida em
parceria com a China, porque existem o Cbers-2 e o Cbers-2B, além do Cbers-1,
deve ser lançado ainda este ano. Em 2014 deverá ser colocado em órbita o
Cbers-4. Entre os 12 previstos para serem lançados, estão dois de
comunicações, um em 2014 e outros em 2019, e quatro de monitoramento
ambiental, entre 2014 e 2018.
(Evanildo da Silveira para o
Jornal da Ciência)