Os aspectos positivos e
negativos do Programa Um Computador por Aluno (Prouca), do governo federal,
foram discutidos ontem (24) na mesa-redonda Tablets, notebooks e
computadores na escola: políticas públicas em debate, realizada durante a
64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC),
que ocorre em São Luís até sexta-feira (27).
Entre os aspectos positivos,
foram ressaltados o aumento da motivação de alunos e professores e o
envolvimento de toda a escola e da comunidade da qual ela faz parte com o
programa. Quanto aos negativos, destacou-se a falta de sintonia do Prouca com
a realidade das redes estaduais e municipais de educação, desconsiderando as
diferenças regionais.
O Programa Um Computador por
Aluno tem como objetivo ser um projeto educacional utilizando tecnologia e
inclusão digital. Para isso, num primeiro momento, foram distribuídos 150 mil
laptops educacionais, para estudantes e professores de 300 escolas públicas
(urbanas, rurais, estaduais, municipais), das 27 unidades da federação. Além
disso, o Prouca forneceu a infraestrutura necessária para acesso à internet e
a capacitação de gestores e professores no uso da tecnologia.
Coordenada pelo físico e mestre
em Educação, Nelson de Luca Pretto, da Universidade Federal da Bahia (UFBA),
a mesa-redonda teve como debatedores Roseli de Deus Lopes, da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), e Paulo Gileno Cysneiros,
da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ambos especialistas no assunto
e com experiência no Prouca. Embora os dois tenham abordado os aspectos
positivos e negativos do Programa, Roseli deu mais destaque aos primeiros,
enquanto Cysneiros preferiu ressaltar os segundos.
Para Roseli, o Prouca
possibilita a reorganização de tempo e espaço de alunos e professores,
tornando as aulas mais produtivas, e aumenta a colaboração entre docentes,
entre estudantes, e entre estudantes e docentes. Mas ela também vê problemas,
como descontinuidades e a interrupção ou não formalização de
responsabilidades em projetos do Programa. “A falta de manutenção e
atualização dos computadores e softwares também prejudica o Prouca”,
disse. “Há ainda uma excessiva rotatividade de professores nas redes de
ensino e interrupção das atividades de formação continuada dos
docentes.”
Cysneiros, por sua vez, vê
problemas tanto nos equipamentos fornecidos pelo Programa como nos
professores e gestores encarregados de colocá-lo em prática. “As telas
dos laptops são de baixa qualidade e seu funcionamento é lento, a duração das
baterias é limitada, há travamento de programas e assistência técnica é
precária”, criticou. “Quanto aos professores e gestores, a maioria
é iniciante em informática, desconhece os software no laptop, não têm conexão
com a internet em casa e não dispõem de tempo para estudo na escola e nem
interesse para a formação a distância.”
(Evanildo da Silveira para o
Jornal da Ciência)