Com menos de uma década de existência, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), que teve sua 7ª edição em 2011, já conta com centenas histórias individuais de superação e mudanças de vida, marcando a trajetória de milhares de jovens. Esse era o pensamento de todos os estudantes e seus familiares, professores e autoridades que participaram ontem (27), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, da cerimônia de entrega das 500 medalhas de ouro da Obmep 2011.
“O Brasil de hoje quer que o sucesso venha com o mérito e esta é uma festa da meritocracia. Ninguém perguntou aqui quem é o pai [desses jovens] ou quanto ele ganha; o que estamos vendo é o esforço de cada um para ultrapassar barreiras”, afirmou a presidente da República Dilma Rousseff, que também lembrou que os vencedores terão chances de entrar no Programa Ciência sem Fronteiras, já que a distinção conta como critério para a bolsa. A presidente cumprimentou cada um dos 500 ganhadores de medalha de ouro e disse que a Obmep representa “um importante passo” para a inovação. “Acreditamos que o brasileiro tem muita criatividade. Unida à ciência, ela resulta em inovação”, destaca.
Dilma lembrou aos estudantes que serão eles “que vão nos substituir no futuro, de uma maneira melhor”, enquanto o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, pontuou que “a partir de agora” esses jovens “terão uma companheira para vida toda, que é a matemática”.
“Costumam dizer que a matemática é a mãe de todas as ciências, mas eu, como matemático, digo que a matemática é a irmã de todas as ciências porque está presente em todas elas”, completou Raupp. Por sua vez, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, recordou que o Brasil tem atualmente 13 olimpíadas científicas e reforçou a intenção de fazer, em 2016, a primeira Olimpíada do Conhecimento da Juventude, de modo a integrar as disciplinas.
Dilma, Raupp e Mercadante dividiram o palco da solenidade com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader; o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis; o diretor-geral do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), César Camacho; e o coordenador-geral da Obmep, Claudio Landim.
Iniciação científica
O estado que conquistou mais medalhas de ouro na Obmep foi Minas Gerais, com 111, seguido por Rio de Janeiro, com 84, e São Paulo, com 78. Também se sobressaíram Distrito Federal (34), melhor resultado no Centro-Oeste; Rio Grande do Sul (29), melhor resultado na Região Sul; Amazonas (7), melhor resultado no Norte; e Ceará (22), melhor resultado no Nordeste.
A Obmep 2011 registrou a inscrição de 18.720.068 alunos e de 44.691 escolas. Participam alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e estudantes do ensino médio de escolas públicas municipais, estaduais e federais, que concorrem a prêmios de acordo com a classificação nas provas.
Foram agraciados 500 estudantes com medalhas de ouro; 900 com medalhas de prata e 1.802 com medalhas de bronze. Receberam menções honrosas 30 mil estudantes. Também foram premiados 131 professores. Todos os ganhadores de medalhas (incluindo de bronze e prata) poderão participar de um programa de um ano de iniciação científica, conforme lembrou Claudio Landim.
Superação
O coordenador-geral da Obmep recordou casos célebres como o da estudante Tábata Pontes, de origem humilde, que obteve medalha de bronze, fez a iniciação científica, conseguiu a de ouro posteriormente e acabou sendo aprovada em cinco das melhores universidades dos Estados Unidos. E também o de Ricardo Oliveira da Silva, que sofre de amiotrofia espinal, doença neurológica que lhe causa limitações físicas, e só entrou na escola depois dos 16 anos (hoje tem 23), mas, apesar disso, ganhou quatro medalhas de ouro e duas de prata desde então.
César Camacho lembrou que a Olimpíada é um “instrumento de inclusão social”, “aumentando a auto-estima do aluno e apresentando para ele e para sua família uma nova oportunidade de vida”. Além disso, o diretor do Impa anunciou que o programa de iniciação científica será ampliado.
Atualmente, três mil alunos são contemplados com a bolsa de estudo de R$ 100. Para 2013, serão 4,5 mil estudantes, chegando a 10 mil em 2016.
Camacho também destacou a cidade de Coité do Nóia (AL), a 160 quilômetros de Maceió, que, com apenas 12 mil habitantes, vem desenvolvendo “uma ascendente trajetória de conquista de medalhas” nos últimos anos, provando que “lugares afastados dos grandes centros podem obter sucesso graças ao esforço de alunos e professores”. Nesse sentido, Dilma lembrou que “a oportunidade para os jovens é só uma: educação, educação e educação”.
(CV – Jornal da Ciência)