As juradas do 2º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” dedicaram menções honrosas a duas estudantes da graduação: Julia Bondar, graduada em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Nayara Stefanie Mandarino Silva, formada em Letras pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Realizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), nesta edição a entidade premia a categoria “Meninas na Ciência”, cujas pesquisas de iniciação científica demonstraram criatividade, boa aplicação do método científico e potencial de contribuição com a ciência no futuro. Além das vencedoras, uma em cada em nível, outras duas estudantes do Ensino Médio também recebem menção honrosa.
Nesta edição, o 2º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” recebeu indicações de 286 candidatas de 116 instituições, oriundas de 18 estados e 70 municípios de todas as regiões do País. Do total de inscritas, 196 são de Graduação.
As vencedoras foram anunciadas no dia 15 de janeiro e a cerimônia de premiação será realizada virtualmente na próxima quinta-feira, 11 de fevereiro, Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. O evento, que contará com a participação das vencedoras, homenageadas e integrantes da comissão julgadora, será aberto a todos, com transmissão pelo canal da SBPC no YouTube, a partir das 10h30.
Conheça abaixo um pouco mais sobre as jovens que receberão menções honrosas no nível Graduação.
Período Pombalino
Nayara Stefanie Mandarino Silva, graduada em Letras pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), recebeu menção honrosa pelo seu estudo “O Marquês de Pombal e a Instrução Pública”, no nível Graduação.
A pesquisa foi realizada com ênfase em livros e periódicos e teve como objetivo levantar fontes para o estudo da instrução pública no Período Pombalino, assim como contribuir com a revisão crítica e renovação dos estudos desse período na historiografia educacional brasileira.
Curiosa, Nayara Stefanie Silva conta que se interessou por pesquisas científicas durante a graduação, depois de participar de algumas atividades de pesquisa e extensão. “Eu não queria apenas aprender, mas também contribuir com a comunidade”, explica.
Foi por isso que ela resolveu participar do Projeto Pombalia, vinculado ao Núcleo de Estudos de Cultura (Nec) da universidade, que busca fazer o levantamento de toda a obra escrita do Marquês de Pombal, ou por ele diretamente inspirada, promovendo uma renovação dos estudos pombalinos.
Atualmente, ela é professora de inglês da Rede Andifes Idiomas Sem Fronteiras (Rede Andifes IsF) e revela ter ficado surpresa ao receber a notícia pela quantidade de inscritas. “Fiquei muito feliz e honrada por ter sido escolhida entre tantas cientistas qualificadas. Ao mesmo tempo, senti que meus esforços como pesquisadora foram reconhecidos, o que me deixou mais motivada para continuar pesquisando e desenvolvendo estudos de qualidade, que possam trazer contribuições para a comunidade científica”, afirma.
Depressão entre adolescentes
Julia Bondar, 24 anos, que se formou em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em dezembro passado, se destacou pelo trabalho intitulado “Medicina personalizada para o tratamento do transtorno depressivo maior entre adolescentes: uma reanálise dos resultados do Treatment for Adolescents with Depression Study”.
Bondar começou a participar de projetos de pesquisa científica depois de achar as aulas teóricas muito monótonas. “Achei que fazer pesquisa pudesse ser mais divertido. Foi por isso decidi procurar uma oportunidade de iniciação científica”, explica.
Depois que tomou tal decisão, foi monitora das disciplinas de Epidemiologia e Bioestatística da faculdade, atividade que envolveu discussões de artigos científicos, elaboração e organização de material complementar das disciplinas e publicação de vídeo-aulas em canal do YouTube sobre conceitos fundamentais de epidemiologia.
Elaborou o estudo enquanto era bolsista de iniciação científica no Programa de Depressão na Infância e na Adolescência (ProDIA). Na pesquisa, ela reanalisou o Treatment for Adolescents with Depression Study (TADS), que randomizou 439 adolescentes com depressão para um entre quatro tratamentos: fluoxetina, terapia cognitivo-comportamental (TCC), tratamento combinado com ambos, ou placebo. “Buscamos caracterizar padrões de resposta ao tratamento entre cada um dos sintomas por meio da análise da magnitude de redução média da intensidade de cada um deles, e também das discrepâncias entre as suas respostas aos diferentes tratamentos”, explica. Segundo ela, o desenvolvimento de tratamentos personalizados para depressão em jovens é extremamente necessário.
O projeto recebeu também destaque na sessão na Semana de Iniciação Científica da UFRGS, em 2017, e na publicação, como primeira autora, na revista The Lancet Psychiatry, sendo o artigo “Editor’s choice” da edição de abril de 2020.
Recém-formada, Bondar acredita que receber esta menção honrosa é um grande incentivo para continuar na área. “É difícil fazer pesquisa no Brasil, e é mais difícil para meninas e mulheres. Todo reconhecimento é importante e uma motivação.”
Atualmente, ela trabalha na equipe de pesquisa na empresa de saúde mental Spring Health. “Me sinto muito agradecida a todas as pessoas que contribuíram para o meu projeto e para meu crescimento profissional”, conclui.
Vivian Costa – SBPC
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