4º Prêmio Carolina Bori: para Anita de Souza Silva, premiações ampliam exposição dos trabalhos das meninas e mulheres na ciência

Recém formada em Medicina Veterinária na Universidade Federal do Sergipe (UFS), a jovem cientista é um dos destaques no nível Graduação da área de Biológicas e Saúde

4º Premio Carolina Bori - Anita de Souza SilvaAnita de Souza Silva, de 26 anos, que se formou em Medicina Veterinária no campus Sertão da Universidade Federal do Sergipe (UFS), em Nossa Senhora da Glória (SE), é uma das vencedoras do 4º Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher, edição “Meninas na Ciência”, nível Graduação, na área de Biológicas e Saúde. Ela concorreu com o projeto “Diagnóstico da Leishmaniose Visceral em cães e percepção dos tutores de cães e gatos sobre a doença”, sob orientação da professora Roseane Nunes de Santana.

Abordando uma zoonose de grande relevância para a saúde pública, Silva realizou sua pesquisa durante a campanha de vacinação antirrábica de cães e gatos, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Nossa Senhora da Glória, Sergipe. Ela conta que para o projeto entrevistou tutores de cães e gatos e percebeu que grande parte deles desconhecem a forma de transmissão e a prevenção da doença. “Foi realizado também o diagnóstico da Leishmaniose Visceral de alguns cães na clínica escola da UFS-Sertão”, afirma.

Ela acredita que os dados obtidos em seu trabalho possam ser imprescindíveis para auxiliar no planejamento de serviços e programas de saúde. “Os dados podem servir como base para ações que possam esclarecer a população e ajudar a diminuir a incidência de casos”, afirma.

Silva comenta que começou a participar de projetos de pesquisa científica por incentivo dos professores da graduação. “Os docentes do campus Sertão da UFS sempre incentivam os discentes a serem protagonistas da sua jornada acadêmica e foi assim que comecei. A professora Roseane Nunes de Santana Campos, por exemplo, me mostrou este universo da pesquisa e me deu inúmeras oportunidades, sempre me orientando e incentivando. Juntas desenvolvemos projetos de pesquisa e extensão voltados para a saúde única”, conta.

No mesmo ano em que se graduou, Silva ingressou no mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde (PPGCAS) da UFS. “Continuo sendo orientada pela professora Roseane e agora estou desenvolvendo um projeto de pesquisa sobre a raiva humana, na linha de pesquisa da Educação e saúde das populações e seus determinantes”.

Com interesse nas áreas da Saúde Pública, Saúde Coletiva, Epidemiologia e Medicina Veterinária do Coletivo, a recém-formada afirma ainda que já tem planos para o futuro e que após a finalização do mestrado pretende cursar o doutorado. “Quero pesquisar sobre a Teoria do Elo, que relata a conexão dos maus-tratos aos animais e a violência doméstica, que são questões de saúde pública”, afirma.

Quanto ao Prêmio Carolina Bori, a jovem cientista afirma que ficou muito feliz com o reconhecimento e acredita que é um grande incentivo para continuar na área. “É com imensa satisfação, alegria e gratidão receber este prêmio na categoria Meninas na ciência. Sou grata pela representatividade feminina e ainda mais por representar as jovens cientistas da UFS, especificamente do campus Sertão que, assim como eu, sonham em seguir no meio científico. Além de mostrar a importância das pesquisas da Medicina Veterinária na área da saúde, reafirmamos o nosso papel enquanto profissionais da saúde”, comemora.

Silva acredita ainda que, além de incentivar jovens, as premiações ampliam a exposição do trabalho das meninas e mulheres na ciência. “Além de reconhecer os trabalhos científicos que muitas meninas desenvolvem no Brasil, proporcionam visibilidade e destaque do papel das mulheres na ciência”, afirma.

A premiação

Realizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), nesta edição a entidade premia a categoria “Meninas na Ciência”, cujas pesquisas de iniciação científica demonstraram criatividade, boa aplicação do método científico e potencial de contribuição com a ciência no futuro.

A SBPC recebeu indicações de 446 candidatas de 223 instituições de todas as regiões do País. Foram 126 indicadas para a categoria Ensino Médio e 320 para a Graduação, categoria subdivida entre três grandes áreas do conhecimento: Biológicas e Saúde (126), Engenharias, Exatas e Ciências da Terra (103) e Humanidades (91).

Uma comissão julgadora escolheu nove vencedoras, sendo três do Ensino Médio e seis da Graduação. Também foram concedidas nove menções honrosas, sendo três do Ensino Médio e seis da Graduação. Na área de Engenharias, Exatas e Ciências da Terra, além de Anita de Souza Silva, também foi premiada Ariane Leite do Nascimento, graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com o trabalho “Botânica sempre viva”.

A cerimônia de premiação, que contará com a participação das vencedoras, será realizada no dia 10 de fevereiro, no Auditório do CEUMA (Rua Maria Antônia, 294 – 3º andar – São Paulo/SP). A data do evento foi escolhida em celebração ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Unesco. O evento será aberto a todos e contará com transmissão pelo canal da SBPC no YouTube, a partir das 15h.

Vivian Costa – Jornal da Ciência