Cientista social propõe agenda para reservas extrativistas

Professora visitante em universidades norte-americanas, com doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB), a cientista social Mary Allegretti dedica-se à pesquisa das comunidades tradicionais da Amazônia há mais de 25 anos. Além disso, participou diretamente do movimento dos povos da floresta que desencadeou a criação das reservas extrativistas em 1990. Por conta desse conhecimento e envolvimento, Mary Allegretti foi convidada pela organização da 66ª Reunião Anual da SBPC, que ocorre no campus da Universidade Federal do Acre (Ufac) até o dia 27, para proferir a palestra “Reservas extrativistas: 25 anos depois”. Personagem da história, Allegretti falou durante horas para uma plateia atenta.

Mary Allegretti faz retrospecto de 25 anos criação das reservas e aponta aspectos sociais e econômicos para o futuro delas.

Professora visitante em universidades norte-americanas, com doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB), a cientista social Mary Allegretti dedica-se à pesquisa das comunidades tradicionais da Amazônia há mais de 25 anos. Além disso, participou diretamente do movimento dos povos da floresta que desencadeou a criação das reservas extrativistas em 1990.

Por conta desse conhecimento e envolvimento, Mary Allegretti foi convidada pela organização da 66ª Reunião Anual da SBPC, que ocorre no campus da Universidade Federal do Acre (Ufac) até o dia 27, para proferir a palestra “Reservas extrativistas: 25 anos depois”. Personagem da história, Allegretti falou durante horas para uma plateia atenta.

A palestrante começou sua palestra fazendo um retrospecto da ocupação e do desenvolvimento do Acre a partir da economia extrativista da borracha, tendo em vista o processo de expansão capitalista no período do governo militar brasileiro que culminou com a implantação de fazendas de gado na região, causando a expulsão dos seringueiros do seu habitat.

Foi nesse momento da história que entraram em cena os líderes rurais Wilson Pinheiro e Chico Mendes, o primeiro em Brasiléia, em meados da década de 1970, e o segundo em Xapuri, nos anos de 1980, encabeçando o movimento de resistência contra a invasão dos fazendeiros. De acordo com Allegretti é, principalmente, a partir da luta desses dois personagens que foram criadas as reservas extrativistas, que hoje não mais se restringem ao território acreano, espalhando-se por todo o país.

As reservas extrativistas 25 anos depois

Criado em 1990, nos últimos dias do governo Sarney, o instituto das reservas extrativistas, no dizer da Mary Allegretti, proporcionou aos povos da floresta significativos avanços. Casos, por exemplo, da diminuição da especulação fundiária, diminuição da migração floresta-cidade, valorização dos produtos extrativistas e o controle da expansão dos desmatamentos.

Mas apesar desses avanços, lembrou a palestrante, é preciso criar uma agenda para o futuro, principalmente dos pontos de vista social e econômico.

Do ponto de vista social, quatro aspectos se configuram como essenciais para o futuro das reservas extrativistas (resex), de acordo com Mary Allegretti. São eles a coordenação das políticas sociais para melhorar a qualidade de vida dos povos da floresta; o protagonismo dos moradores na gestão; o apoio institucional às associações e às comunidades pelos serviços ambientais prestados ao país e ao planeta; e a preparação das gerações atuais para serem os gestores das resex.

Do ponto de vista econômico, outros quatro aspectos foram elencados pela palestrante: política econômica e tecnológica de valorização da biodiversidade; definição das responsabilidades comunicacionais do desenvolvimento sustentável das reservas extrativistas; compreensão da diferença entre ter valor e dar lucro; e a compreensão de que a economia da floresta depende do pagamento pelos serviços ambientais providos pelos povos nativos.

A palestra “Reservas Extrativistas: 25 anos depois” contou com a participação do físico e presidente de honra da SBPC, Ennio Candotti, do senador Jorge Viana (PT-AC), do ex-governador Binho Marques, e dos líderes seringueiros Raimundão (primo de Chico Mendes) e Antônio de Paula.

(Ascom da Ufac) – http://www.ufac.br/portal/news/palestra-de-mary-allegretti-faz-retrospecto-das-reservas-extrativistas