Para a comemoração dos 40 anos da criação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a 77ª Reunião Anual da SBPC realizou uma sessão especial em homenagem, que contou com a presença da atual titular da Pasta, Luciana Santos, do ex-ministro e presidente de honra da SBPC, Sergio Rezende, do presidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), Luiz Antonio Elias, do deputado federal e filho do ex-ministro Eduardo Campos, Pedro Campos, e da reitora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE),  Maria José de Sena.

Realizada no primeiro dia de programação científica (14/07), a sessão teve, em sua abertura, uma fala do ex-presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, que apresentou uma linha do tempo sobre a criação da pasta ministerial. Essa linha do tempo inspirou a obra “A SBPC e os 40 anos do MCTI – política científica e projeto nacional”, organizada pelo Centro de Memória da entidade.

“É necessário um agradecimento à historiadora Áurea Gil, que durante anos coordenou o nosso Centro de Memória Amélia I. Hamburger e que está se despedindo da SBPC nessa semana”, pontuou.

Janine Ribeiro também reforçou a longa luta da entidade ao lado do MCTI para seu fortalecimento nessas quatro décadas – desde sua criação, o órgão atravessou diversos momentos críticos, como ser demovido a uma Secretaria, ainda em seus primeiros anos, à mais recente fusão com o Ministério das Comunicações, em 2016 -, além da queda drástica de recursos que marcou a última década, e os desafios para recuperá-los e financiar adequadamente pesquisas, pesquisadores e instituições.

Ele falou ainda sobre a conjuntura atual em que a desinformação se tornou a principal arma para corroer as estruturas democráticas e nutrir o extremismo da direita. “A base da ciência é a verdade. E não é estranho que aqueles que querem o fim da democracia, também queiram o fim da ciência. A ciência e a democracia necessitam da verdade, e essa é a nossa luta.”

Seguindo com as falas, o ex-ministro da Ciência e presidente de honra da SBPC, Sergio Rezende, destacou a instabilidade histórica que existe sobre a criação da pasta ministerial. “Em 40 anos, o MCTI teve 25 ministros, o que representa aproximadamente um período de 1 ano e meio de atuação de cada um. Quando a pessoa começava a entender a pasta, ela saía, com raras exceções. Isso afetou consideravelmente a gestão do ministério.”

Rezende também criticou o cenário econômico, que ainda coloca desafios para os próximos anos. “Não foram 40 anos fáceis. Estamos em uma situação melhor agora, mas ainda precisamos melhorar. Para isso, o Brasil precisa rever questões. Um país que paga R$ 900 milhões por ano de dívida externa não é um país pobre, é um país que desperdiça recursos.”

A ministra Luciana Santos destacou as ações recentes do Governo Federal que possibilitaram a retomada do Ministério, como a recomposição integral do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que possibilitou mais investimentos, realização de concurso público e o desenvolvimento do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial. “O MCTI é uma história de sobrevivência”, ponderou.

Luiz Antônio Elias, presidente da Finep, ressaltou a visão política do atual Governo Lula. “Para o presidente Lula, investir em conhecimento é investir na soberania do Brasil, na geração de empregos, na educação, na saúde, na reindustrialização e na preservação ambiental.”

Elias aproveitou a oportunidade também para dar um boas-vindas à Francilene Garcia, que assumiu a presidência da SBPC na última quinta-feira, 17 de julho.

Livro retrata a relação da SBPC e do MCTI

Como parte da comemoração dos 40 anos da criação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a SBPC resolveu fazer um resgate histórico sobre a luta pela criação da pasta ministerial, uma pesquisa que envolveu diretamente o seu setor de memória, o Centro de Memória Amélia Império Hamburger (CMAIH).

“Com a comemoração dos 40 anos do MCTI em 15 de março, a gente começou a levantar como foram as relações entre a SBPC e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Olhamos no arquivo da entidade para ver se haviam documentos sobre isso, como atas de reunião, imagens ou manifestações públicas, e encontramos bastante material”, explica o historiador do CMAIH, Eric Lemos.

Lemos detalha que os debates sobre a criação de um Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação passaram pela programação das Reuniões Anuais da entidade, mas também nas assembleias gerais de sócios.

“Na assembleia de 1963 surgiram as propostas de ter um Ministério da Ciência autônomo e de ter um ministério vinculado ao Ministério da Educação. Na época, já se pensava que era importante ter um órgão federal que pudesse concentrar as demandas do setor, mas também para pensar a política científica, o orçamento e o que é um status de ministério. Isso significa pensar a importância do Ministério para um projeto de nação, de desenvolvimento nacional, que é uma questão que o livro traz.”

A obra “A SBPC e os 40 anos do MCTI – política científica e projeto nacional” está disponível para download gratuito no site da entidade.

Correios lança selo comemorativo dos 40 anos do MCTI

Na cerimônia, os Correios também lançaram um selo em comemoração aos 40 anos do MCTI, que poderá ser utilizado também para o envio de cartas simples em todo o Brasil.

O selo foi lançado oficialmente pelo superintendente estadual dos Correios em Pernambuco, Ricardo Santos. A obliteração — carimbo exclusivo criado para marcar a data — foi feita pela ministra Luciana Santos, com o registro de “14 de julho de 2025” e a cidade do Recife. O selo e o carimbo têm a marca dos 40 anos do MCTI e trazem uma imagem inspirada na estrutura do Sirius, acelerador de partículas brasileiro localizado em Campinas (SP).

“Este selo não apenas presta uma homenagem, mas também serve de inspiração às novas gerações para reconhecer o valor da ciência e da inovação. Que ele viaje por todo o Brasil levando consigo a marca de um ministério que acredita no poder transformador da ciência”, destacou.

A cerimônia de homenagem aos 40 anos do MCTI está disponível no canal da SBPC no YouTube.

Rafael Revadam e Daniela Klebis – Jornal da Ciência, com informações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação