Preocupada com os severos cortes que estão desmantelando o sistema nacional de C&T brasileiro, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) lançou a campanha “Ciência, pra que Ciência?”. O objetivo é chamar a atenção para o impacto que as pesquisas têm no desenvolvimento econômico e social do Brasil e como os cortes severos impostos pelo governo às duas principais agências de fomento do País – Capes e CNPq – impedem o desenvolvimento de estudos importantes para o Brasil, comprometem o futuro da ciência e dos cientistas e trazem prejuízos para toda a população. Na campanha, que já recebeu cerca de 100 vídeos (que podem ser acessados no canal do YouTube da entidade), os participantes – estudantes e pesquisadores – têm mostrado a importância de seus trabalhos e como o financiamento público é vital para garantir o desenvolvimento e continuidade dessas pesquisas.
O reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marcelo Knobel, explica em seu depoimento o quanto que a ciência pode ser importante para beneficiar a população. “Sou físico, trabalho com magnetismo, materiais magnéticos, e quando comecei trabalhar com isso, não tinha nem ideia de que esses materiais que eu estudava poderiam ser aplicados na medicina. Hoje, os materiais nanoestruturados com que eu trabalho podem ser aplicados, funcionalizados para se ligarem a tumores específicos e, por exemplo, matar células cancerígenas. Imagina o desenvolvimento que isso pode trazer para a saúde de toda a população? Este é só um exemplo de milhares e milhares que existem por aí. A ciência é capaz de transformar vidas, é capaz de desenvolver o País. Vamos apoiar a ciência cada vez mais”, diz.
Heraldo Almeida, professor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica em seu vídeo para a campanha #CiênciapraqueCiência por que o Brasil precisa investir em Ciência: “O investimento em ciência é o que distingue um país desenvolvido, que exporta produtos de alta tecnologia, de um país pobre como o nosso, que precisa produzir e exportar montanhas de minérios e produtos agrícolas para obter dinheiro suficiente pra importar, a custos caríssimos, esses produtos de alta tecnologia. Essa relação assimétrica com os países desenvolvidos gera emprego de baixa qualificação e baixa remuneração aqui, e empregos de alta qualificação e remuneração lá nos países que investiram em ciência. A dependência da tecnologia estrangeira mantém o nosso país pobre, com arrecadação insuficiente para investimentos sociais e dificuldade permanente de equilibrar suas contas. É por isso que um governo verdadeiramente comprometido com o desenvolvimento do país deveria investir massivamente na ciência brasileira”, declara.
Participe das ações da SBPC em defesa a ciência brasileira
A SBPC convida todos os estudantes e pesquisadores, desde a iniciação científica até a pós-graduação, bolsistas e ex-bolsistas, profissionais de todas as áreas e todos os amigos da ciência a participar da campanha e compartilhar suas histórias, que serão amplamente divulgadas nas redes sociais da entidade. Basta gravar um breve vídeo, com duração de 30 segundos a um minuto, acessar este link, preencher um breve formulário e seguir as instruções para carregá-lo. O depoimento pode ser gravado em celular mesmo, em alta definição, com o aparelho na horizontal.
A campanha “Ciência, pra que Ciência?” soma forças às intensas manifestações que a SBPC, com apoio de outras entidades científicas do País, vem realizando em defesa dos recursos para a viabilização da Ciência no Brasil, como o abaixo-assinado online #SomosTodosCNPq. A petição foi entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia em agosto. Ela continua disponível neste link para quem ainda quiser assinar. Falta muito pouco para chegar a 1 milhão de assinaturas – ajude a chegarmos a esta importante marca!
Envie seu vídeo para a campanha “Ciência, pra que Ciência?” aqui.
Os vídeos estão sendo publicados diariamente nas redes sociais da SBPC e disponibilizados também em uma playlist da TV SBPC, no YouTube.
Jornal da Ciência