O Brasil completa, este ano, dois séculos de independência, o que será o tema central da 74ª Reunião Anual da SBPC. Ela será aberta este domingo, na Universidade de Brasília, com dois eixos principais. Um é uma história ampla da independência, lembrando que Portugal tinha aqui duas colônias, o Brasil e o Grão Pará —aos quais se somaria, em 1903, o Acre. Falaremos ainda da guerra de independência na Bahia, da batalha do Jenipapo no Piauí e o mais grave: de como indígenas e negros não ganharam, nesse processo, liberdade ou cidadania.
Outro eixo se projeta para o futuro. A independência não é um dado, mas um projeto: que papel cada ciência exerce na construção da soberania nacional? Colocamos esta pergunta, nesta hora de reconstruir o Brasil, a cada um de nós e a cada área do conhecimento rigoroso: a ciência, a educação, mas também a saúde, a cultura, a proteção do meio ambiente e a inclusão social formam, unidas, um círculo virtuoso dos avanços sociais.
A SBPC foi fundada em 8 de julho de 1949. A bomba atômica, inventada pouco antes, e a energia nuclear foram vistas por décadas como constituindo o maior feito da ciência no século 20. Mas, de um olhar mais amplo, considerando a contribuição das ciências da saúde, inclusive a medicina nuclear, para melhorar a expectativa e a qualidade de vida, podemos dizer que o principal fruto da ciência no último século tenha sido a vida, não a morte —a paz, não a guerra.