Uma das marcas do subdesenvolvimento brasileiro é a facilidade com que o chamado mercado consegue emplacar sofismas primários na mídia. As agências de checagem esmeram-se em checar fatos, mas jamais em checar a lógica de determinadas afirmações que, por falta de questionamento, tornam-se habituais na imprensa.
Um dos casos mais gritantes é Angra 3. O refrão eternamente repetido é que, com o que foi gasto na obra, a tarifa pela energia produzida seria muitas vezes superior às de outras fontes de energia.
Suponha que eu vá montar um boteco. Gasto 100 mil em reformas. Faltam 20 mil para completar a obra. Aí um gênio financeiro pega sua planilha, faz as contas e prova que jamais o boteco gerará uma receita para bancar investimentos de 120 mil. No máximo, comportaria um investimento de 50 mil.
A partir daí, há duas decisões possíveis: parar ou completar a obra.
- Se paro a obra perco os 100 mil.
- Se continuo a obra, perco os 100 mil do mesmo modo.
Então, toca a “realizar o prejuízo”, ou seja, dar os 100 mil por perdidos. A conta correta, então, passaria a ser a que comparasse as receitas futuras do boteco com o investimento que falta para viabilizá-lo.
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