Três tendas montadas ao lado da prefeitura de Alcântara, no Maranhão, têm funcionado durante esta semana como pontos de difusão de conhecimentos das áreas de Física e Astronomia, para alunos e professores do Ensino Fundamental e para os habitantes da cidade em geral. Elas são três dos locais onde ocorre a Reunião Especial da SBPC em Alcântara, que começou na segunda-feira e vai até sexta. O evento é uma iniciativa da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), voltada para a divulgação da ciência e para as necessidades educacionais e de saúde da população do município.
Em cada uma das barracas estão instalados equipamentos diferentes e são realizadas atividades diversas. Todas têm atraído a atenção dos visitantes, no entanto. Numa delas está instalado um planetário móvel digital, trazido por uma equipe do Museu de Astronomia (Mast) do Rio de Janeiro. “Com ele podemos simular o céu noturno de qualquer hora de qualquer lugar”, explica o pesquisador Douglas Falcão, chefe da Coordenação de Educação em Ciências do Mast.
Ou seja, é possível simular o que se veria no céu de Alcântara às 20h de um determinado dia e o que se enxergaria no mesmo dia e horário no Rio de Janeiro. Isso serve para mostrar a dinâmica do céu, mostrando que o que um observador vê depende do horário e do local em que ele está.” A equipe do Mast também trouxe um pequeno telescópio, dotado de filtros especiais que evitam danos aos olhos, que possibilita observar as manchas e explosões solares – nesse caso ejeção de matéria da superfície do astro para espaço, que, vistas da Terra, se assemelham a esguichos incandescentes.
Em outra das tendas, a professora Ana Lúcia de Almeida Coelho, coordenadora de Extensão da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instalou uma cama elástica e uma piscina plástica, com uma grande bolha flutuante do mesmo material. “Usamos o primeiro equipamento para passar às crianças conceitos de Física, como o de impulso e o de ação e reação”, conta Ana Lúcia. “Na piscina, explicamos por que algo flutua. Um estudante entra na bola, que é enchida de ar e não afunda.”
A terceira barraca está a cargo de um grupo do Laboratório de Divulgação Científica (LDC) – Ilha da Ciência, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). São vários aparelhos e experimentos, que explicam conceitos de Física, entre os quais os de eletricidade e magnetismo, mecânica, termodinâmica e ótica. “O objetivo é falar de física de maneira lúdica e divertida”, diz o pesquisador Carlos César Costa, coordenador da equipe do LDC. “Também trouxemos dois telescópios, para observar a lua e os planetas Júpiter e Saturno, visíveis para nós nesta época.”
As crianças adoram as atrações das três tendas. “O planetário é muito legal”, elogia Ronaldo Lopes Ribeiro, de 10 anos, estudante do 5º ano, da escola Unidade Integrada John Kennedy, da cidade de Alcântara. “Parecia que a gente estava aqui na praça, olhando para o céu estrelado.” Eliseu Moraes de Moura, de 11 anos, alunos do 6º ano da Escola Municipal Inácio de Viveiros Raposo, também gostou do que observou nas barracas. “Vi coisas incríveis aqui”, contou. “Gostei mais daquela bola que tem raios dentro.” Ele se refere ao globo de plasma, uma esfera de vidro com um gás a baixa pressão sujeito à alta voltagem. Descargas elétricas provocam a excitação e a ionização de alguns átomos do gás, que passam emitir luz na forma de pequenos raios interno à esfera.
Alguns professores que acompanharam os alunos até as barracas da SBPC também aprovaram o que viram. Dilana Santos, que leciona a disciplina de ciências para alunos do 6º ao 8º ano, da Unidade Integrada John Kennedy, é exemplo. “Por coincidência, alguns conteúdos que estão sendo apresentados aqui são os mesmos que estou dando em sala de aula”, disse. “Por isso, os meus alunos ganharam muito em vir aqui, pois podem ver na prática o que aprenderam nas aulas. Foi uma grande ideia a SBPC fazer este evento aqui em Alcântara.”
(Evanildo da Silveira, de Alcântara)