A 30ª Conferência das Partes para o Meio Ambiente das Nações Unidas (COP 30), que vai se realizar em Belém do Pará ano que vem, é uma grande oportunidade para o avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), afirmou o cientista da Computação, Eduardo Coelho Cerqueira.
Mas os campos para desenvolvimento de TICs na região são muitos, passando pela saúde e saneamento básico, meio ambiente a bioeconomia, disse Cerqueira durante a Conferência “Desafios e Oportunidades de TIC na Amazônia: da Inclusão Digital à Bioeconomia”, proferida durante a programação da 76ª Reunião Anual da SBPC. O evento teve a apresentação do professor José Luiz de Souza Pio, da Universidade do Amazonas.
Vice-coordenador no programa de pós-graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Pará (UFPA), Cerqueira tem livros publicados e patentes com registro internacional na área, além de estar envolvido em laboratórios de pesquisas em Inteligência Artificial aplicadas à mobilidade e cidades inteligentes.
Para ele, o Pará – especificamente, Belém – tem um potencial enorme de avanço em TICs com a COP 30, o principal evento internacional sobre meio ambiente. Uma das grandes demandas é a segurança da informação e cibernética do Estado. “Vai ser uma preocupação muito grande na COP”, ponderou, mencionando os riscos de ataques cibernéticos a autoridades, influenciadores e outros participantes que já são naturalmente alvos de hackers, além do próprio sistema que pode ficar suscetível. “A gente precisa ter várias ações de inovação, várias ações de pesquisa voltadas para isso”, frisou.
Por outro lado, os desafios também são grandes diante dos baixos investimentos na infraestrutura e dos sistemas deficientes, como o 5G que, segundo o relato dele, ainda não tem alcance completo na região. Outro ponto é a oferta de recursos humanos. “Precisamos ter pessoas qualificadas em massa, em posições estratégicas também.”
Ele conclamou a ampliar a colaboração entre as universidades, os estados e com o exterior, mas reconheceu que, para isso, é necessário mais financiamento. “Sem financiamento não dá; não dá para trabalhar por amor. A gente faz isso, muita das vezes a gente consegue entregar, mas não consegue ser competitivo. A gente precisa remunerar nossos alunos, dar condições para que eles consigam trabalhar. Precisa sim ter uma universidade em que o banheiro funcione, em que outros serviços funcionem pelo menos pra gente poder chegar em outro nível”, demandou.
Concluindo, Cerqueira disse que não há uma “bala de prata” para a solução dos problemas de TICs da Amazônia, mas é preciso começar a definir prioridades, saindo do campo das ideias e discussões, ir para o campo da ação.
Assista a conferência na íntegra pelo canal da SBPC no Youtube
Janes Rocha – Jornal da Ciência