A antropóloga Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha foi a vencedora da edição 2021 do Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia, na área de Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes. Considerada a maior honraria da ciência brasileira, a comenda reconhece pesquisadores, personalidades e instituições que se destacaram em prol do desenvolvimento científico e tecnológico do país. A premiação ocorreu em cerimônia virtual nesta quarta-feira (6), durante a Reunião Magna da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas e graduada em matemática pela Faculté des Sciences de Paris, a pesquisadora se especializou em Antropologia, atuando em temas relacionados a etnologia, etnicidade, história e direitos dos índios, escravidão negra, conhecimentos tradicionais e teoria antropológica. Professora titular aposentada do Departamento de Antropologia, da Universidade de São Paulo (USP) e professora emérita da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, Cunha formou mais de trinta mestres e doutores ao longo de sua atuação docente além de fundar, em 1986, o Núcleo de História Indígena e do Indigenismo na USP. Também é autora de doze livros, alguns reconhecidos com os prêmios Jabuti, da Biblioteca Nacional e da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs).
Além do Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia, a pesquisadora recebeu várias distinções em sua trajetória profissional, como a Ordem do Mérito Científico na Classe Grã Cruz, a Légion d’honneur da França, a medalha Roquette-Pinto, da Associação Brasileira de Antropologia, a medalha da Francofonia, da Academia Francesa, e o Prêmio de Excelência Gilberto Velho para Antropologia, concedido pela Anpocs.
“Não tomo como resultado de um mérito pessoal, mas se trata sobretudo de uma manifestação de apoio à luta pelo estado democrático de direito e, em particular, dos povos tradicionais do Brasil”, afirmou Cunha durante a cerimônia de premiação. Segundo a antropóloga, há 33 anos os indígenas tiveram seus direitos originários reconhecidos na Constituição Federal, mas hoje veem os mesmos direitos ameaçados. A pesquisadora apontou ainda outros desafios que o país vêm enfrentando. “Estamos vivendo no Brasil uma época de grilagem e de devastação sem freios. A violência e o desmatamento só aumentam. A biodiversidade que os povos tradicionais sabiamente conservam e ampliam está em risco. Precisamos resistir todos juntos a esse desmonte do Brasil”.
Assista à íntegra da solenidade aqui: https://www.youtube.com/watch?v=aX5WJX5rbwA
Veja aqui todos os agraciados.
Jornal da Ciência
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