Evento atrai centenas de estudantes, acadêmicos e cientistas em hotel em São Paulo
Reconhecido por importantes descobertas sobre comunicação celular, o cientista alemão Erwin Neher, laureado pelo Prêmio Nobel de Medicina em 1991 e pesquisador da Sociedade Max Planck, ministrou a palestra “Brain Signals: Communication and Information Processing in the Central Nervous System” em São Paulo, dentro da programação científica da exposição Túnel da Ciência. O evento que atraiu centenas de estudantes, acadêmicos e cientistas interessados no assunto aconteceu nesta quinta-feira (30/01), no Pergamon Hotel. A vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Dora Ventura, e a professora Roseli de Deus Lopes, estiveram presentes, representando a SBPC.
Durante sua palestra, Neher fez uma rápida volta ao passado e lembrou de cientistas que avançaram de alguma forma no estudo da neurociência. O cientista citou os desejos do médico e histologista espanhol Santiago Ramón y Cajal, Julies Bernstein, entre outros. Com uma palestra bem técnica, o Nobel de Medicina citou diversas descobertas relevantes sobre a função dos canais iônicos nas células, dentre elas, de que os canais são causas de doenças congênitas.
O moderador da palestra, Esper Abrão Cavalheiro, professor titular do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ressaltou a importância do trabalho do Prêmio Nobel, principalmente para aqueles profissionais que trabalham com o sistema nervoso. “O trabalho feito por Neher foi fundamental. Na minha época de estudante, entendíamos que havia canais para sódio, cálcio e potássio. E assim a gente explicava quase tudo no sistema nervoso. De repente, algumas pessoas curiosas conseguiram registrar canais isolados”, comentou.
Segundo Cavalheiro, estas descobertas tornaram tudo mais dinâmico. “Hoje são 50, 100 canais que permitem um ajuste fino e delicado do sistema nervoso que nós não entendíamos. E é preciso realmente entender a quantidade de canais e as características de cada um deles para poder compreender a beleza do funcionamento do sistema nervoso e fazer pequenos reajustes”, explicou. E completou, “cada canal entra em ação em um momento, ou seja, abre e fecha num determinado momento o que permite uma harmonia no sistema nervoso”.
Para finalizar, Cavalheiro disse ainda que o trabalho de Neher foi extremamente importante para se entender a quantidade de patologias humanas que decorrem de alterações desses canais. “Hoje a gente consegue entender qual é o subtipo de canal que está envolvido em cada síndrome, e portanto, buscar os medicamentos específicos”, disse.
(Vivian Costa)