O dia do professor este ano tem um significado mais decisivo que os outros celebrados nos últimos anos. E por que? Estamos em plena disputa eleitoral, para a escolha do próximo presidente do Brasil. A partir de janeiro, independente de quem for eleito, o cenário impõe mudanças profundas devido ao panorama interno de dificuldades tangíveis aos olhos mas, nada que não possa ser administrado assaz, e de um quadro internacional complexo, mas diagnosticado por vários indicadores econômicos, muito mais amenos que os últimos anos. Uma dessas mudanças passa pela excelência do sistema de educação em todos os estados da federação.
Há 10 dias das eleições, as campanhas tomam caráter de batalha pelo voto e expõe feridas crônicas de nossa sociedade, exaltadas pelas manifestações de todo o tipo de preconceito e discriminação, evidenciando o atraso educacional e cultural do país, contido em comentários do tipo “nordestinos e pobres não sabem votar! elite branca, paulistas devem morrer de sede, e assim vão se multiplicando na mídia e redes sociais demonstrando que o país precisa de professores, muitos professores, de milhares de professores qualificados, respeitados, recompensados e felizes.
Em momentos como o atual, celebrar o dia do professor nos leva a refletir sobre a missão de ensinar e educar neste Brasil continental. Não se constrói uma nação soberana e rica, sem um sistema educacional robusto e de excelente qualidade em todos os níveis, especialmente no ensino fundamental e médio.
Assistimos diariamente os candidatos diagnosticarem a ineficiência do sistema de educação atual, destacando que seus planos de governo priorizarão um novo modelo de ensino para todo o país! Resta saber se os planos e programas traçados serão de fato, colocados em prática. Considerando as eleições um instrumento maravilhoso da prática democrática de uma nação, os avanços educacionais já alcançados com a eleição de 6 presidentes após o térmico do regime militar, é ainda muito tímido e insuficiente para o salto qualitativo que almejamos para o nosso “gigante adormecido em berço esplêndido”!
A melhor forma de comemorar o Dia do Professor é ampliando a discussão sobre a valorização profissional e o reconhecimento do trabalho de educadores mal remunerados, desestimulados e sem grandes perspectivas de melhoria da carreira em curto e médio prazo. Essa tarefa não é, seguramente, algo abstrato e impreciso. Ela passa concretamente pela discussão das grades curriculares, da diminuição cada dia maior do número de jovens que optam pela profissão, pela análise das condições de trabalho, e pela identificação da devida importância que o professor tem nas “ditas sociedades do conhecimento” e assim, para o que se espera ser também da sociedade brasileira.
Finalizado o processo de eleições democráticas, o novo presidente iniciará as mudanças dos planos de governo e por que não iniciar pela melhoria do ensino nacional e na valorização da atividade docente?
Talvez o momento seja propício à geração de novas ideias, ao exercício de alguma ousadia, com base na larga experiência que os professores têm da realidade das salas de aula e dos laboratórios. Finalizando esta nota, reverencio todos os mestres pelo seu dia. Que esta mensagem seja mensageira de entusiasmo e de esperança a todos os professores do Brasil que lutam por um país mais humano e igualitário. Que o dia de hoje seja então um dia de reflexão sobre o papel deste profissional na construção de um país digno e soberano.
*Vanderlan da Silva Bolzani é professora titular do IQ-UNESP e diretora da AUIN-UNESP